domingo, 24 de outubro de 2010

Passado, Presente, Futuro, árvores encantadas.


Cheguei tarde na meditação, mas ainda a tempo de pegar o início da parte silenciosa da mesma, e logo mergulhamos em seu canal especial, com os anjos nos pedindo para imaginarmos uma semente aos nossos pés, que ia crescendo e se transformando em árvore frutífera.
As árvores são portais que nos transportam no tempo, nas dimensões internas e externas, e em seu silêncio cheio de reverberações encontramos tesouros em lembranças, revelações, aberturas para novas formas de ver a vida.
Cada um de nós acessou sua árvore, e Telma, nos comunicando onde seu anjo a levara, revelou-nos seu sentimento de estranheza diante da árvore de fruta-pão no quintal da casa paterna. (Esta árvore, por sinal, é originária da Indonésia e da Nova Guiné).

Este estranhamento evocou todos os outros e as dificuldades que sentimos na vida, de, por exemplo, mudar de paladar, passar por um caminho inusitado, sair de hábitos consagrados.
Tomar consciência de novas dimensões da vida pode passar por essas pequenas mudanças de hábito, e o anjo nos sugeriu abrirmos um espaço para elas todos os dias. Toda manhã, podemos nos abrir para um sabor novo, um espaço diferente, para uma pessoa que costumamos rejeitar e que representa um desafio. Podemos pedir um suco que nunca experimentamos, um prato que nunca provamos antes.
Temos tendência, nos lembraram os anjos, de associarmos o novo com o futuro (e neste momento me vem a sensação de que nada parecia-me tão novo quanto cada dia vivido na infância, e que hoje é meu passado).
Telma lembrou-se de como deliciava-se diante da fritada preparada por sua mãe, e se deu conta de que hoje, ao evitar comer carne bovina, estava fechando um acesso às suas memórias do passado. Os anjos então completaram dizendo que não devemos nos fechar nem para o passado, nem para o futuro, e que as decisões rígidas podem ser um entrave à experimentação.

O passado e o futuro nos são evocados pelas sensações (vide Marcel Proust e seu biscoito com chá), e os anjos nos sugeriram uma viagem até os 8 anos, para nos darmos conta do que desejamos então, e do que reprimimos também. Depois, ao fazermos uma conexão com os desejos de hoje, nos despedimos agradecendo pela nova abertura de visão trazida por nossos anjos e árvores, encantados com a possibilidade nova que entrevimos no passado, com sua gama de sensações que podemos sempre acessar, tesouro velho que pode no entanto nos renovar a alma.

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