quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Alegria a Gosto




Neste momento, acabo de ler as mensagens de Brenda e Telma, sobre a flamboyant, enquanto me preparava para escrever aqui, as quais me trouxeram novo alento.
Pois estava pensando: nem tudo são flores na nossa meditação, como vimos algumas vezes. E nesta última meditação, sofri um abalo sísmico, o que me impediu por algum tempo em pensar em escrever aqui... Será que é o mês de agosto, que no entanto vinha até há pouco tendo dias de um sol claro e de um vento fresco, levantando a alma...
Tentei entender... Será que foram as referências ao suicídio do presidente Getúlio Vargas, a episódios passados de repressão, às abordagens racistas que havia em nossa formação escolar... Será que são as dificuldades que estamos encontrando para entender porque resolvemos, ou melhor, porque Telma teve a idéia de fazer uma praça em torno do Baobá da Ponte d'Uchoa, será que essa idéia não surgiu na própria meditação...? E porque não está sendo fácil realizá-la, se a princípio ela nos parecia tão boa... É como se tivéssemos chegado num ponto cego de nossa caminhada, onde os propósitos e dificuldades de cada um, somados ao peso histórico do passado e do presente (dado que temos tido que nos confrontar com coisas um tanto pesadas no cenário político)tivesse formado um bolo só, rachando a alma ao meio, ou rasgando certos véus... No entanto, fomos acolhidos pelas Baobás, que formaram um círculo de luz em nosso entorno, pelas flamboyants e pelo mangue... Esse acolhimento lembrou a Telma o momento que ela vivenciou em Blumenau, na enchente... Será que vivemos ou transformamos abalos semelhantes em algum nível?

Voltamos a nossa criança em torno de 10-12 anos, para curá-la. Sentimos esta cura profundamente, e no entanto, ainda ficou uma dor e uma tristeza palpável, que depois se revelou para mim como uma dor coletiva que se mostrava, ou que se fazia relembrar. Há momentos assim em que essa alma coletiva chora, e foi com muita alegria que li a mensagem de Telma a Brenda, em vermelho flamboyant, e as lindas imagens da árvore, somadas a vontade de Brenda de plantar um flamboyant! Que bela resposta à tristeza!

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

Um mangue de possibilidades



Adentrando o mangue numa jangadinha preparada por seu anjo para uma viagem especial de contemplação: enquanto você entra no mangue, onde a maré vai baixando,o sol nasce no horizonte e o silêncio no santuário desta vegetação favorece a observação de si mesmo, a visão interior da natureza e da sua natureza.

Tentar ficar em consonância com os movimentos, as ondas que vão e vêm, a maré que sobe e desce, as memórias que ficam vivas dentro do nosso ser aquático. A água é memória, memória solidificada no tempo, a água do mangue é memória.

Enquanto continuamos nossa pequena navegação, na nossa jangadinha confortável, o anjo nos chama atenção para nosso Eu observador, um desdobramento de nós mesmos, o Eu que observa nosso Eu, que são cuidados e guiados por nosso Eu Superior. Essa observação desdobrada, esse exercício de escuta interna, é um espaço que pode ser aumentado nas nossas vidas de forma cotidiana, e a partir do qual podemos criar possibilidades novas, deixar que as revelações aconteçam.

Esse espaço interno pode ser o ponto de partida para uma nova forma de agir mais natural e em consonância com a alma. Nosso anjo chamou atenção para o fato de que Tona, sem perceber, já se encontra nesta sintonia. O anjo dele é o Eu observador, como um desdobramento dele mesmo, atento e natural.

No contato interior proporcionado pela viagem no mangue, o nosso anjo nos diz: que lição principal aprendemos aqui, o que fica registrado em nosso corpo?

Vejo maravilhada que consigo visualizar espaços de memória: acesso memórias agradáveis com as quais meu corpo se sente confortável, vivo e alegre.

E Telma percebe que em nossos encontros estamos criando boas memórias, um acervo de água e luz.

terça-feira, 11 de agosto de 2009

A nossa Arca flui guiada pela beleza




Às vezes, perceber o que nos foi passado na meditação é um processo que vai acontecendo devagar, como gotas de luz que vão caindo e formando uma paisagem, vão ocorrendo conexões entre duas ou três coisas que foram ditas e, que, de repente, tomam uma outra dimensão quando relacionadas.

Hoje, nosso anjo nos levou a viajar num barco, que ele transformou na arca de Noé. Fiquei brincando com a idéia de sermos representantes de aspectos de uma espécie. Resgatados para irmos ao encontro de novos horizontes, íamos carregando sonhos e o sentido da beleza, num exercício de descobrir aquilo que é fundamental para cada um de nós.

Às vezes, sentimos que estamos protagonizando uma cura mais profunda, onde nossas questões e dores pessoais representam um universo mais amplo, como uma gota do oceano que não deixa de conter todo o oceano.

Assim é que, quando tocamos em questões como exílio, tortura, comunismo, catolicismo, ditadura, rezar em família, ouvir citações do presidente Mao quando criança, as abordamos de uma forma que é possível para cada um, no aconchego criado por nossos anjos, colocar seu ponto de vista, sua história de vida, o que nos situa às vezes em pólos opostos. Nos demos conta de que estamos ajudando a desfazer nós profundos, com auxílio angelical, conseguindo ouvir o ponto de vista do outro num exercício de abertura, sentindo que não há nada de absoluto, conseguindo relativizar as visões.

Transcender as polaridades parece ter sido uma das mensagens do dia. Dar um salto quântico ajudados pelo nosso sentido de beleza pessoal, pela coragem que decorre do fato de honrá-lo, acessando nosso ser mais profundo e fazendo correr nosso barco a partir de uma visão mais fluída. Tendo o sentido de beleza como guia, conseguimos acessar as mensagens de nossa alma, conseguimos entender os tesouros que ela quer transportar em nossa aventura pela terra.

Os pólos com os quais nos deparamos ao longo de nossas vidas, e ao comparar nossas vidas (foi interessante perceber, por exemplo, que Fátima é considerada aterrada demais, enquanto que eu aérea demais, as polaridades rico-pobre, "comunista"-usineiro, quem gosta de gato, quem de cachorro, e algumas outras classificações sociais e ideológicas, parecem ter sido encaminhadas para uma dissolução para dar lugar a um sentido da vida guiado pela beleza, pela vibração da alma, pela direção soprada por nossos anjos...

Não ter medo de ir ao encontro da beleza da nossa paisagem interna... E, para isso, fomos presenteados por uma aula prática, tentando com Fátima visualizar a compra da casa na qual ela se sente tão bem. Ser guiada pelo senso de beleza que morar naquela casa, situada no meio da natureza, suscita ficou sendo claramente a luz guia de seus próximos passos... Desdobramentos a seguir, em próximos capítulos...

terça-feira, 4 de agosto de 2009

Uma meditação, uma brincadeira de roda



Entrar no mundo por uma espiral, tempo, espaço, memória, desejos, felicidade, percurso. Cachoeira... Há um paraíso possível ao lado da árvore da sabedoria interior, e a cachoeira correndo, gerando frescor, fluidez. Ela cria mais clareza, harmonia, beleza, respeito à individualidade, e, novamente, entramos na espiral com mais leveza, buscando criar nosso caminho, integrando.

Na fogueira da cura, diante de nós, transformamos mil e uma coisas. Visualizamos quem precisa de apoio, de amparo e cura. Um vermelho rubi sorridente me enche os olhos, fico feliz como uma criança a quem um anjo vem falar de manhã ou no meio de uma brincadeira no jardim.

A luz do sol atravessa a cortina da sala e inunda cantinhos de nossa alma, sofrimentos somem, alguém parece sorrir em nossos olhos.
O círculo de cura é grande, capaz de abarcar a todos em quem pensamos. E são muitos.

Pode ser leve transformar desesperança em aprendizado, conflitos em luz para decifração do caminho ainda a percorrer, e penso na oração de São Francisco.

A pitombeira, ainda levemente carregada de frutos, me assegura numa linguagem que não sei de onde me chega que a infância ainda habita dentro de nós, e se não estamos correndo pelos quintais, nossos pensamentos brincam, nossos espíritos se divertem a valer na luz do sol.

As essencias florais que tiramos no final vêm sinalizar: falam essa mesma linguagem, delicada linguagem, que captamos tão bem nesta manhã, crianças de manhãs de outras eras, onde olhávamos para os jardins como paisagens da alma.