quarta-feira, 14 de julho de 2010

Monges modernos




Escrever no Obaobá é sempre uma brincadeira e uma descoberta, porque o que se viveu ou disse na meditação dá margem para uma nova síntese, que se revela posteriormente. O espaço da criatividade dá a possibilidade de encontrar novas pepitas nas entrelinhas do que dissemos ou sentimos.

O que vivemos ou o que os nossos próximos ou menos próximos experimentam é muitas vezes o material de base para as mensagens dos anjos. A partir do que colocamos como questionamento, eles criam a mensagem que engloba a situação em foco e vão mais fundo e de forma mais ampla, envolvendo uma temática e apontando caminhos interiores.

Desconfio que tenho a alma meio rebelde, naturalmente, pois apesar de me esforçar em me disciplinar, sempre há momentos em que fujo das regras, até como uma forma de sentir o valor das regras, o valor mais profundo que há na disciplina. Quando sinto que estou resvalando na disciplina pela disciplina, me desassossego e rompo com o tratado. Enquanto a disciplina puder conter a essência, como o leito do rio acolhe às águas e percorre um caminho, eu me conformo a isto, ou se sinto que há um trabalho interior acontecendo no esforço regular.
Considero este espaço que me coube de redigir o relato da meditação como este exercício de disciplina. Às vezes penso nos monges que copiavam os manuscritos e que o faziam com regularidade e paciência.

Não sabemos bem onde vai dar o Obaobá. Dizemos isso às vezes, verbalizando uma perplexidade momentânea pela permanência de uma prática que começou na farmácia Sal da Terra, passou uma temporada no Espaço Logos, fez excursões regulares no Sitio União, e aportou no apartamento de Telma. Acredito que os espaços por onde a meditação aconteceu também moldaram seu conteúdo, sua abrangência. O micro e o macrocosmos estão em permanente interação, os temas se entrelaçam, as experiências de uns reverberam nas experiências dos outros, o que foi dito ou vivido serve como apoio a uma experiência posterior, e uma mensagem dos anjos sentida profundamente ecoa no meio de uma vivência como um holograma.

Nesta última meditação, quando os anjos nos falaram sobre a importância de sabermos o que estamos desejando, pois o que desejamos são sementes que podem ou não germinar, dependendo do que fazemos para tal, mas que as sementes permanecem na terra de nossa alma, me dei conta da importância deste jardim potencial que criamos com nossos desejos. Essas sementes de sonhos esquecidas podem conter a essência do desabrochar de nossa alma. Talvez tenhamos esquecido de sonhar os bons sonhos, e os tenhamos soterrado. Dar uma examinada nessas sementes pode ser um bom exercício para ir ao encontro de seu caminho mais profundo de alma. Quem sabe, em algum momento, tenhamos sonhado em fazer parte de um Obaobá?

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