sábado, 31 de julho de 2010

Ventos, Golfinhos, Papinhas e Fumaças: brincando sem sair do lugar


Nas últimas semanas, temos constatado, durante as meditações, uma interelação tão evidente entre certos elementos que deixamos isto de lado, incrédulos. A repetição deste fenômeno em mais de uma terça, e o comentário leve de Telma, fizeram com que eu tomasse consciência dele.

Na última terça, Brenda conduziu a meditação com ajuda de um sininho, e invocava o vento a se juntar a nós, a nos ajudar a soltar o pensamento. Em sincronia com os movimentos do vento, ela nos inspirou a ir entrando em nosso espírito e participar de uma dança interior com o vento. Esta sintonia parece ter ficado tão afinada que, no termino da meditação, quando comentava sobre o vento, e pronunciava a palavra "vento", ele soprava em uníssono.


Eu havia visualizado, no centro do nosso círculo, um anjo ancestral que preparava uma papa com gestos amorosos, e depois ofertava-a de boca em boca, a cada um de nós. Para cada um, ele colocava na papa o que precisavamos em cura e consolo, como uma mãe. Quando tirei a Carta do Caminho Sagrado, ela falava de alimentação, fazendo uma conexão com minha visão de logo mais.

Isso sugeriu a Telma o comentário desta interconexão que já havia ocorrido, quando, ao imaginarmos uma fogueirinha no centro de nosso círculo, e ao tirarmos as Cartas do Caminho Sagrado, muitas delas falavam em fumaça.


Estas ligações entre diversos elementos me sugeriu o filme "Amor além da vida" que, retratando o mundo espiritual, mostra como nossa imaginação cria nossos cenários nessas dimensões. Estariam essas "coincidências" nos revelando suavemente que estamos nos tornando mais co-criadores, ou mais conscientes de nosso papel de criadores?

E quando mencionei a meditação para os Oceanos, com os golfinhos como anjos nos ajudando na transição planetária, não nos foi difícil imaginarmo-nos como um bando deles, e rimos a toa, e sentiamo-nos cavalgando ondas, ou deixando-as passar por cima de nós, numa brincadeira interior que nos animou enquanto o vento batia em consonância com nossas emoções.

domingo, 25 de julho de 2010

Dançando e recriando


Na terça-feira passada, o encontro meditativo se viu acrescido da presença de Neuzinha e de Salete, o que trouxe um alento novo e estelar ao grupo. O Ricardo também veio enriquecer nossa reunião, brindando-nos com cânticos xamânicos dos índios norte-americanos, como um bálsamo.

Entramos por novos portais, a partir da eclipse do dia 11 de junho, e sentimos que estamos adentrando um novo tempo, onde o encontro do obaobá deve também tomar novas dimensões.

Escrevo aqui hoje, dia 25 de junho, dia fora do tempo do calendário Maia, e sinto toda a profundidade da energia que hoje se derrama sobre nós. É como se irmãos mais velhos espirituais, os golfinhos, e os seres das estrelas estivessem velando por nós de forma profundamente amorosa, acalmando nossas inquietações e abrindo uma nova página e uma nova consciência em nós.

Essa nova abertura se traduziu no nosso último encontro na orientação dos anjos para que dançassemos a dança mais próxima ao nosso espírito. A dança nos torna seres qüânticos, abrindo nossa energia para as possibilidades de ser e de estar no espaço e no sentimento. O trabalho criativo na meditação propicia que mesmo os não-dançarinos como eu possam sentir a alma bailando. Como pequenas estrelas podemos nos juntar à poeira cósmica e recriar a paisagem interna.
Uma fogueira imaginária e os cânticos de Ricardo transformaram o todo numa cerimônia, abrindo uma nova página na caminhada do obaobá.






quarta-feira, 14 de julho de 2010

Monges modernos




Escrever no Obaobá é sempre uma brincadeira e uma descoberta, porque o que se viveu ou disse na meditação dá margem para uma nova síntese, que se revela posteriormente. O espaço da criatividade dá a possibilidade de encontrar novas pepitas nas entrelinhas do que dissemos ou sentimos.

O que vivemos ou o que os nossos próximos ou menos próximos experimentam é muitas vezes o material de base para as mensagens dos anjos. A partir do que colocamos como questionamento, eles criam a mensagem que engloba a situação em foco e vão mais fundo e de forma mais ampla, envolvendo uma temática e apontando caminhos interiores.

Desconfio que tenho a alma meio rebelde, naturalmente, pois apesar de me esforçar em me disciplinar, sempre há momentos em que fujo das regras, até como uma forma de sentir o valor das regras, o valor mais profundo que há na disciplina. Quando sinto que estou resvalando na disciplina pela disciplina, me desassossego e rompo com o tratado. Enquanto a disciplina puder conter a essência, como o leito do rio acolhe às águas e percorre um caminho, eu me conformo a isto, ou se sinto que há um trabalho interior acontecendo no esforço regular.
Considero este espaço que me coube de redigir o relato da meditação como este exercício de disciplina. Às vezes penso nos monges que copiavam os manuscritos e que o faziam com regularidade e paciência.

Não sabemos bem onde vai dar o Obaobá. Dizemos isso às vezes, verbalizando uma perplexidade momentânea pela permanência de uma prática que começou na farmácia Sal da Terra, passou uma temporada no Espaço Logos, fez excursões regulares no Sitio União, e aportou no apartamento de Telma. Acredito que os espaços por onde a meditação aconteceu também moldaram seu conteúdo, sua abrangência. O micro e o macrocosmos estão em permanente interação, os temas se entrelaçam, as experiências de uns reverberam nas experiências dos outros, o que foi dito ou vivido serve como apoio a uma experiência posterior, e uma mensagem dos anjos sentida profundamente ecoa no meio de uma vivência como um holograma.

Nesta última meditação, quando os anjos nos falaram sobre a importância de sabermos o que estamos desejando, pois o que desejamos são sementes que podem ou não germinar, dependendo do que fazemos para tal, mas que as sementes permanecem na terra de nossa alma, me dei conta da importância deste jardim potencial que criamos com nossos desejos. Essas sementes de sonhos esquecidas podem conter a essência do desabrochar de nossa alma. Talvez tenhamos esquecido de sonhar os bons sonhos, e os tenhamos soterrado. Dar uma examinada nessas sementes pode ser um bom exercício para ir ao encontro de seu caminho mais profundo de alma. Quem sabe, em algum momento, tenhamos sonhado em fazer parte de um Obaobá?

sábado, 3 de julho de 2010

Sorrindo eu pretendo levar a vida, pois chorando eu vi a mocidade perdida



Hoje escrevo fora do cronograma normal. Já se passaram mais de duas meditações, e não consegui mais escrever aqui. Antes, me parecia tão fácil a mensagem angelical, mas nas duas últimas semanas não foi assim.

Acho que foi Tona quem disse que às vezes a mensagem dos anjos é tão sutil que ela não vem nem em palavras, nem em imagens, chega em filigrana na vida.

E foi sobre isso que estivemos falando, sobre a linguagem utilizada pelos anjos, pela vida, para nos passar a mensagem, a cura necessária.

Para Telma, isso chegou numa mimosa imagem de um vaso de porcelana novo sobre uma mesa antiga, que foi o recado que os anjos lhe deram a respeito do dente que ela precisou implantar. Uma imagem gentil e delicada, que varre os possíveis tabus relativos a dentes, e que pretendia consolá-la do medo que sentia. A beleza pode também consolar, porque traz um significado transcendente.

De uma certa forma, as idéias preconcebidas em relação à beleza, à idade, foi também o que nos foi passado na meditação do dia 15. A percepção das gerações como o ciclo da vida, uma roda gigante na qual estamos em cima ou embaixo, subindo ou descendo. Sem perdas nem ganhos, a vida simplesmente é movimento. Quem está no início do ciclo, com sua pele lisa, vai ainda crescer para poder contar as coisas da vida (e confesso aqui que senti muitas vezes inveja dos mais velhos falantes e contadores de história, entre eles meus irmãos mais velhos, que, claro, tinham um panorama mais amplo da vida, e assim podiam enchê-la de um significado que eu não alcançava), e quem já vai se enrugando conta a vida, e as mãos lisas e as mãos enrugadas se entrelaçam numa grande roda.

As gerações são a roda da vida em movimento, nos disseram os anjos. Unam-se pelo riso, nos recomendaram eles, e assim a roda girará de maneira mais alegre. Penso agora que às vezes não conseguimos aceitar com tranquilidade e naturalidade nosso lugar na roda da vida, e a emperramos; em vez de rir ao vento, e fazer do tempo um aliado, nos agarramos em alguma idade, pois, como disse alguém, queremos viver muito, mas não queremos envelhecer.

Entender que a vida é movimento, e que só a desfrutaremos se aceitarmos este encantamento, e o encantamento do tempo que traz mudanças, inclusive o envelhecimento, é uma nova chave para o riso, para o espírito, para a amizade conosco mesmo, e com as gerações mais novas e mais velhas.

Ri melhor quem riu muito e continua a rir, e o riso pode ser a medida pela qual vivermos, assim como o brilho dos olhos, e não as rugas, que são um revestimento sagaz a nos ensinar a passagem do tempo, e a despedida paulatina.

PS: Os anjos nos disseram mais algumas coisas sobre isso, e tenho certeza de que Telma percebeu muitas outras mais, e que Tona e Fátima perceberam outras tantas, e que, como num caleidoscópio, todas as percepções poderiam formar um novo desenho, e mostrar novas interpretações possíveis do que vivemos. Espero sempre que outros possam colocar um pouco de seus relatos...