terça-feira, 8 de dezembro de 2009

Conexão e Liberdade


Temporariamente afastada da meditação para poder finalizar alguns trabalhos pendentes, me emociono ao perceber que, a cada terça-feira, ou mesmo desde a segunda, vou sendo envolvida por uma energia doce e terna, que me sinaliza que não estou só.


Longe da reunião presencial do grupo obaoba, não me sinto menos participante de algo que não poderei relatar aqui, descrevendo a passagem do vento por nossos rostos num momento preciso, ou a entrada em cena do trinado de um certo pássaro, ou transcrevendo a mensagem dos anjos através de Telma.


No entanto, existe uma certa mensagem que ressoa, ao longo do dia, ou mesmo de vários dias, que desperta em minha alma a sensação de estar participando de algo, misterioso, certo, mas que é tão natural quanto deitar-se num campo e olhar para o céu, e esquecer-se a que se veio, porque o essencial é ser e estar, naquele momento, que tudo revela sem nada explicar.


Esse conforto que sinto a cada terça, mesmo de longe, parece ser um mote em minha vida, e na de muitas pessoas: a distância, hoje, muitas vezes já não é empecilho para os encontros profundos, para o estar junto ou para dar um suporte essencial a alguém, que às vezes pode morar em outro país ou continente.


A ciranda obaoba se conecta com outras cirandas, e posso facilmente passar de uma dança para outra, sem descompassos, pois estamos no compasso do coração, e reconhecemos brincantes de mesma natureza em outras rodas.


Sem deixar de estarmos conectados com o grupo, podemos voar em liberdade por outras paragens, e não nos sentiremos estranhos, nem desconectados.


Será esta a mágia de pertencer sendo profundamente a si mesmo?
Exercício diário, a liberdade é uma doce conquista, que só trás mais amor... Porque ela revela a você mesmo o seu coração... E o coração palpita também junto ao obaoba...

quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Brincadeiras sincrônicas





















"Passa, passa, gavião, todo mundo é bom
As lavadeiras fazem assim, assim, assim...."

Estar no lugar onde sincronicamente devemos estar para atuar em sintonia com o que o estamos prontos e levados a fazer, pode parecer com uma brincadeira de roda, ou com uma dança circular: estamos em movimento mas em conexão com os outros, sem deixar de estar num lugar próprio, desempenhando o nosso papel, que como nas brincadeiras, pode ser de repente invertido ou alternado.

Essa parece ter sido a mensagem dos anjos, desta vez através de imagens, que mostravam como estamos interconectados a partir de uma dimensão mais sutil. Se nos concentrarmos para soar a nossa nota no concerto universal, colaboramos para a sinfonia de forma harmônica. Assim, esta ação seria um ato de cura pessoal e universal.

O momento sendo volátil, o exercício da atenção pode ser um grande aliado. Como os selos diários do Calendário Maia, onde cada dia tem sua cor, seu tom, e sua energia própria, se penetrarmos no tempo entendo-o como uma qualidade, como um fluxo que nos é favorável e nos aponta direções internas e externas, podemos dançar com ele a favor da correnteza.

Dou uma olhada no que dizia a energia do calendário para a terça: "Comunico-me sem apegos e descubro a harmonia de evoluir na Terra" e verifico a sincronicidade da mensagem que recebemos com a qualidade do tempo de então...

Neste dia, o calendário entrou para fazer parte da nossa meditação, para ajudar-nos a lermos o tempo, a apreciá-lo como um guia, como uma qualidade da natureza, assim como o são o vento, o sol, a lua, a chuva, as árvores e os pássaros.

Meditar tem sido assim como uma brincadeira de roda...

terça-feira, 13 de outubro de 2009

Expandir e contrair, pulsando com a natureza


















Expandir e contrair, dois movimentos essenciais, que no caminho da vida precisam ser vividos plenamente sem que nos apeguemos a nenhum deles como opção absoluta.
A criança, que é expansão pura vai precisar da contração para amadurecer. O adulto que se contrai precisa se expandir para compartilhar.
Ficando só na contração, podemos nos tornar estéreis, incapazes de compartilhar a vida, nos apegando em demasia. Se ficarmos só na expansão, não conseguiremos fazer a maturação de nossos frutos para saboreá-los e distribuí-los.

Essa foi a mensagem dos anjos que nos chegou hoje, através de Telma, nos encorajando a nos expandir em todo o espectro de nosso ser, nas nossas expressões espirituais, sensuais, sexuais, criativas. Essa expressão é resultado da maturação ocorrida na contração, e o movimento de nos abrirmos e deixar nosso ser exalar toda sua essência, como a flor que se abre, faz parte do ciclo natural. A busca do equilíbrio desses dois movimentos é o constante exercício que fazemos na vida, tendo a natureza como mestra.

A flor do Baobá que sai da contração do seu casulo redondo e verde para se derramar em flor branca que se expande totamente em direção à mãe terra é uma dádiva deste movimento pulsante da natureza. O exercício da maternidade como o maior treino da expansão-contração: nosso fruto precisa amadurescer, e acompanhamos seus movimentos, nos contraindo e nos expandindo junto com ele, participando do pulsar da vida que continuará depois de nós. Observar a natureza, entrar em sintonia com sua respiração, pode nos ajudar a fazer desses dois movimentos passos naturais em nossas vidas, sem tantos espantos e sofrimentos como muitas vezes os vivenciamos.

quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Alegria a Gosto




Neste momento, acabo de ler as mensagens de Brenda e Telma, sobre a flamboyant, enquanto me preparava para escrever aqui, as quais me trouxeram novo alento.
Pois estava pensando: nem tudo são flores na nossa meditação, como vimos algumas vezes. E nesta última meditação, sofri um abalo sísmico, o que me impediu por algum tempo em pensar em escrever aqui... Será que é o mês de agosto, que no entanto vinha até há pouco tendo dias de um sol claro e de um vento fresco, levantando a alma...
Tentei entender... Será que foram as referências ao suicídio do presidente Getúlio Vargas, a episódios passados de repressão, às abordagens racistas que havia em nossa formação escolar... Será que são as dificuldades que estamos encontrando para entender porque resolvemos, ou melhor, porque Telma teve a idéia de fazer uma praça em torno do Baobá da Ponte d'Uchoa, será que essa idéia não surgiu na própria meditação...? E porque não está sendo fácil realizá-la, se a princípio ela nos parecia tão boa... É como se tivéssemos chegado num ponto cego de nossa caminhada, onde os propósitos e dificuldades de cada um, somados ao peso histórico do passado e do presente (dado que temos tido que nos confrontar com coisas um tanto pesadas no cenário político)tivesse formado um bolo só, rachando a alma ao meio, ou rasgando certos véus... No entanto, fomos acolhidos pelas Baobás, que formaram um círculo de luz em nosso entorno, pelas flamboyants e pelo mangue... Esse acolhimento lembrou a Telma o momento que ela vivenciou em Blumenau, na enchente... Será que vivemos ou transformamos abalos semelhantes em algum nível?

Voltamos a nossa criança em torno de 10-12 anos, para curá-la. Sentimos esta cura profundamente, e no entanto, ainda ficou uma dor e uma tristeza palpável, que depois se revelou para mim como uma dor coletiva que se mostrava, ou que se fazia relembrar. Há momentos assim em que essa alma coletiva chora, e foi com muita alegria que li a mensagem de Telma a Brenda, em vermelho flamboyant, e as lindas imagens da árvore, somadas a vontade de Brenda de plantar um flamboyant! Que bela resposta à tristeza!

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

Um mangue de possibilidades



Adentrando o mangue numa jangadinha preparada por seu anjo para uma viagem especial de contemplação: enquanto você entra no mangue, onde a maré vai baixando,o sol nasce no horizonte e o silêncio no santuário desta vegetação favorece a observação de si mesmo, a visão interior da natureza e da sua natureza.

Tentar ficar em consonância com os movimentos, as ondas que vão e vêm, a maré que sobe e desce, as memórias que ficam vivas dentro do nosso ser aquático. A água é memória, memória solidificada no tempo, a água do mangue é memória.

Enquanto continuamos nossa pequena navegação, na nossa jangadinha confortável, o anjo nos chama atenção para nosso Eu observador, um desdobramento de nós mesmos, o Eu que observa nosso Eu, que são cuidados e guiados por nosso Eu Superior. Essa observação desdobrada, esse exercício de escuta interna, é um espaço que pode ser aumentado nas nossas vidas de forma cotidiana, e a partir do qual podemos criar possibilidades novas, deixar que as revelações aconteçam.

Esse espaço interno pode ser o ponto de partida para uma nova forma de agir mais natural e em consonância com a alma. Nosso anjo chamou atenção para o fato de que Tona, sem perceber, já se encontra nesta sintonia. O anjo dele é o Eu observador, como um desdobramento dele mesmo, atento e natural.

No contato interior proporcionado pela viagem no mangue, o nosso anjo nos diz: que lição principal aprendemos aqui, o que fica registrado em nosso corpo?

Vejo maravilhada que consigo visualizar espaços de memória: acesso memórias agradáveis com as quais meu corpo se sente confortável, vivo e alegre.

E Telma percebe que em nossos encontros estamos criando boas memórias, um acervo de água e luz.

terça-feira, 11 de agosto de 2009

A nossa Arca flui guiada pela beleza




Às vezes, perceber o que nos foi passado na meditação é um processo que vai acontecendo devagar, como gotas de luz que vão caindo e formando uma paisagem, vão ocorrendo conexões entre duas ou três coisas que foram ditas e, que, de repente, tomam uma outra dimensão quando relacionadas.

Hoje, nosso anjo nos levou a viajar num barco, que ele transformou na arca de Noé. Fiquei brincando com a idéia de sermos representantes de aspectos de uma espécie. Resgatados para irmos ao encontro de novos horizontes, íamos carregando sonhos e o sentido da beleza, num exercício de descobrir aquilo que é fundamental para cada um de nós.

Às vezes, sentimos que estamos protagonizando uma cura mais profunda, onde nossas questões e dores pessoais representam um universo mais amplo, como uma gota do oceano que não deixa de conter todo o oceano.

Assim é que, quando tocamos em questões como exílio, tortura, comunismo, catolicismo, ditadura, rezar em família, ouvir citações do presidente Mao quando criança, as abordamos de uma forma que é possível para cada um, no aconchego criado por nossos anjos, colocar seu ponto de vista, sua história de vida, o que nos situa às vezes em pólos opostos. Nos demos conta de que estamos ajudando a desfazer nós profundos, com auxílio angelical, conseguindo ouvir o ponto de vista do outro num exercício de abertura, sentindo que não há nada de absoluto, conseguindo relativizar as visões.

Transcender as polaridades parece ter sido uma das mensagens do dia. Dar um salto quântico ajudados pelo nosso sentido de beleza pessoal, pela coragem que decorre do fato de honrá-lo, acessando nosso ser mais profundo e fazendo correr nosso barco a partir de uma visão mais fluída. Tendo o sentido de beleza como guia, conseguimos acessar as mensagens de nossa alma, conseguimos entender os tesouros que ela quer transportar em nossa aventura pela terra.

Os pólos com os quais nos deparamos ao longo de nossas vidas, e ao comparar nossas vidas (foi interessante perceber, por exemplo, que Fátima é considerada aterrada demais, enquanto que eu aérea demais, as polaridades rico-pobre, "comunista"-usineiro, quem gosta de gato, quem de cachorro, e algumas outras classificações sociais e ideológicas, parecem ter sido encaminhadas para uma dissolução para dar lugar a um sentido da vida guiado pela beleza, pela vibração da alma, pela direção soprada por nossos anjos...

Não ter medo de ir ao encontro da beleza da nossa paisagem interna... E, para isso, fomos presenteados por uma aula prática, tentando com Fátima visualizar a compra da casa na qual ela se sente tão bem. Ser guiada pelo senso de beleza que morar naquela casa, situada no meio da natureza, suscita ficou sendo claramente a luz guia de seus próximos passos... Desdobramentos a seguir, em próximos capítulos...

terça-feira, 4 de agosto de 2009

Uma meditação, uma brincadeira de roda



Entrar no mundo por uma espiral, tempo, espaço, memória, desejos, felicidade, percurso. Cachoeira... Há um paraíso possível ao lado da árvore da sabedoria interior, e a cachoeira correndo, gerando frescor, fluidez. Ela cria mais clareza, harmonia, beleza, respeito à individualidade, e, novamente, entramos na espiral com mais leveza, buscando criar nosso caminho, integrando.

Na fogueira da cura, diante de nós, transformamos mil e uma coisas. Visualizamos quem precisa de apoio, de amparo e cura. Um vermelho rubi sorridente me enche os olhos, fico feliz como uma criança a quem um anjo vem falar de manhã ou no meio de uma brincadeira no jardim.

A luz do sol atravessa a cortina da sala e inunda cantinhos de nossa alma, sofrimentos somem, alguém parece sorrir em nossos olhos.
O círculo de cura é grande, capaz de abarcar a todos em quem pensamos. E são muitos.

Pode ser leve transformar desesperança em aprendizado, conflitos em luz para decifração do caminho ainda a percorrer, e penso na oração de São Francisco.

A pitombeira, ainda levemente carregada de frutos, me assegura numa linguagem que não sei de onde me chega que a infância ainda habita dentro de nós, e se não estamos correndo pelos quintais, nossos pensamentos brincam, nossos espíritos se divertem a valer na luz do sol.

As essencias florais que tiramos no final vêm sinalizar: falam essa mesma linguagem, delicada linguagem, que captamos tão bem nesta manhã, crianças de manhãs de outras eras, onde olhávamos para os jardins como paisagens da alma.

terça-feira, 28 de julho de 2009

Sementes de Paraíso


Do Kama Sutra por Deepak Chopra ao amor como estado de ser em plenitude, passando pela novela das oito e pela revelação de Brenda como contadora de histórias... A sensação é a de que vivemos cada vez mais a possibilidade da liberdade de expressão, banhada de amor, de um aconchego criativo, que nos liga sem rodeios à natureza e a nossos anjos. Estes nos lembraram que, ao iniciar-se o novo ano Maia, estaremos recebendo novas frequências de energia do amor solar, e para experimentá-las, precisaremos desacelerar nosso ritmo.

Dando uma olhadinha no calendário Maia, verifico que ele fala para este mês em trazer o paraíso para a terra, que foi o que lemos no Kama Sutra por Deepak Chopra. Já podemos estar no paraíso, se o acessarmos de dentro de nós...

E esta sensação de paraíso pode ser criada ao reconectarmo-nos com nossa criança interior, o que Brenda nos ajudou a fazer, ao ler para nós, crianças travestidas de adultos, o Kama Sutra de Deepak Chopra com intonações que reverberaram em torno de nós as histórias contadas por alguma tia, irmã, amiga, mãe ou pai... As frases saltavam do livro para nossa imaginação com a magia e o encantamento dado a elas pelas expressões de Brenda.

Ainda segundo o calendário Maia, este é o mês de lançarmos as sementes de nossos propósitos... E alguns se reavivaram, como o que há algum tempo cultivamos, de preservar o Baobá da Ponte d'Uchoa. Por isso seguirá em breve uma pequena carta neste blog sobre esta intenção.

No mais, fomos brindados por uma dose especial de amor e luminosidade, vento e e sol, cruzando o horizonte, passando pelas mangueiras e a pitombeira carregadinha que avistamos da janela do apartamento de Telma, nosso mais novo refúgio de meditações.

terça-feira, 21 de julho de 2009

Àrvores como passagens secretas da alma.

É dificil voltar a escrever quando se sente que se mudou, fico buscando um molde antigo que não me contém mais, nem as palavras parecem ter a mesma vibração de antes. E é esta vibração que vai me conduzindo, como uma tocha, pelo caminho a ser desbravado, pois, como lembrou Tona, no início era o verbo.
O que percebi na nossa meditação de hoje, que parece ter versado sobre o exercício do não julgamento, do acolhimento do outro, sobre tentar evitar querer colocar tudo em rótulos, foi a liberdade e a confiança que sentimos em falarmos de algumas de nossas experiências, e também a possibilidade que tivemos de ampliar nosso olhar sobre questões sérias como a de doenças que acontecem muito próximo a nós e que nos interrogam. Alzheimer, câncer, Parkinson, são doenças que mexem com a nossa natureza profunda e que, para além do sofrimento, nos colocam diante de enigmas.

O mundo está mudando, a forma de se expressar também, estamos ficando mais sintéticos, e com isto estamos nos expressando melhor ou pior? Estamos conseguindo nos expressar? Hum hum...


É, talvez tudo esteja saindo dos seus moldes antigos, as palavras saindo de seus moldes de chumbo e se tornando mais leves, saltitando na tela do computador. Também os moldes das maneiras de se relacionar, as formas de sexualidade, os desafios de nossa condição humana...


A velha pergunta para onde vamos está também mais palpavelmente desafiante. Quando constatávamos isto, fomos sendo profundamente acolhidos pelo trio Baobá, Flamboyant e Mangue, na forma de um floral que Telma confeccionou e espargiu em nossas auras, ajudando a revelar as passagens secretas de nossas almas. E entramos em conexão profunda, cada um escolhendo com qual árvore se ligar. Acho que talvez tenhamos tido algumas revelações, sobre a natureza de nossas almas e das árvores que nos ajudaram neste processo.


A mim, me veio com clareza o Flamboyant. O vermelho de suas flores incendiou partes densas de meu ser e me revelou um alguém mais leve, escondido atrás de mim mesma. Tona viu com clareza partes da doutrina de assinatura da flor do mangue vermelho com sua canetinha que, ao se soltar da planta e ir para a lama parece já ter seu destino inscrito antecipadamente, destino que às vezes parece não vingar, pois a planta não "pega".
Fátima se insurgiu contra a orientação de Telma e escolheu se ligar à mangueira do Sítio União, à sua copa acolhedora, bálsamo dos mais profundos. Quanto a Telma, não nos falou com que árvore se conectou, então fica sendo a surpresa da próxima semana.
Os anjos hoje passearam sem problemas por nossas almas, e saimos leves e felizes.












terça-feira, 14 de julho de 2009

Descobrindo a liberdade (e hoje é dia 14 de julho!)

Desde que cheguei de viagem, não consegui criar um espaço interno, e, porque não dizer, coragem, para voltar a escrever aqui. Então compreendi que talvez esteja em busca de uma nova dimensão para os relatos do blog, como se ele estivesse cobrando algo mais "concreto" do que apenas relatar o que vivenciamos a cada terça-feira. Não sei. Talvez efeitos do que vi na Europa, pessoas empenhadas em pequenas ações, movidas por valores muito ancorados, embora não isentas de contradições. Seja lutando pelos direitos dos imigrantes, seja vivendo uma volta ao espírito mais profundo de suas raízes, como no País de Gales, onde o galês voltou a ser ensinado nas escolas, e onde as crianças vão fazer arte nas clareiras das florestas. Talvez eu tenha visualizado algo assim no Sítio União, as crianças brincando com a natureza e conhecendo as árvores.


Porque hoje nossos corações foram abertos para uma compreensão mais ampla do que vivemos no plano social, senti que talvez pudesse começar a escrever novamente. Na Europa, o plano espiritual ficou soterrado sob camadas de racionalismo, o que faz você buscar no brilho dos olhos de cada um essa dimensão, mas poucos falam ou sequer aceitam falar sobre o assunto. O caminho espiritual ali é muito profundo e sutil, mas a rotina diária não é muito permeada por ações espirituais, acho que essa dimensão já está incorporada nas artes, ou na forma de viver ou de falar, num certo refinamento dos sentimentos e do pensamento. Por isso, de certa forma, perdi o hábito de falar sobre a dimensão dos anjos.

Mas hoje, eles chamaram os baobás todos, Vida, a guia de Telma se apresentou por inteiro, (Vida Solar da Terra), e fui transportada para Munique onde também me conectei com os pinheiros onde a energia do grupo de meditação ancorara, e que deixei tomando conta de meus tios.

Chamaram nossa atenção para o fato de que estamos redesenhando nossas relações, passando pela libertação dos escravos indo parar no aparente caos no qual estamos aprendendo a lidar com o diferente. Lembraram que o apartamento de Telma se situa no terreno de um antigo engenho, e que, finalmente, Recife é uma cidade de antigos engenhos. Compreender isso, e compreender que estamos redesenhando nossas relações a partir de um modelo onde as interações eram hierárquicas, onde as dores precisavam se acomodar àquela estrutura, onde o sofrimento das mulheres, a traição (e aqui lembro do texto que Fátima leu nas Cartas do Caminho Sagrado, onde consta que o fato de sofrer uma traição é uma espécie de teste para ver se conseguimos seguir amando) que elas sofriam precisava ser ultrapassada para acolher as crianças, e finalmente, compreender que por motivos econômicos o nordeste foi o lugar onde a libertação dos escravos aconteceu primeiro, por falta de possibilidade de mantê-los. Os anjos quiseram chamar nossa atenção para a conquista da liberdade que vivenciamos por que se era mais pobre. A questão da liberdade versus riqueza, a riqueza da pobreza e a pobreza da riqueza. A prosperidade da natureza. Buscar esta sintonia para que esta abundância também se reflita em nossas relações sociais. Os Baobás estão prontos a nos ajudarem neste processo, limpando nossos carmas familiares, ajustando nossos padrões de ancoramento para uma nova liberdade e uma nova abundância...

E para não dizer que não falamos de flores (pois estava nos planos originais irmos para perto dos 3 baobás do Museu da Abolição observarmos suas flores), Telma tornou-se amiga da professora de música Dona Helena, senhora de 88 anos que leciona no Instituto Cabiparibe, e que a convidou para participar dos encontros musicais com as crianças, crianças que também já plantaram um Baobá e que se preocupam com os mangues.

quarta-feira, 20 de maio de 2009

O processo do MORRER pode ser com ALEGRIA ?

Saí da meditação ontem com esta tarefa! Como posso vivenciar processos do morrer, de uma forma mais alegre e desapegada?? Me peguei durante o dia com uma saudade enorme..... da minha mãe. Liguei para ela, e contribui um pouquinho para que a semana dela pudesse ser, bem do jeitinho que ela gosta, alegre!!! Fiquei bem melhor, logo após!


Para não deixar morrer este espaço que Mariana deixou, (para viver Paris ....rsrsr). Resolví superar meus medos de me expor e ao desapegar-me de mim mesma, estou descobrindo novas possibilidades de aprender a me comunicar.


Os nossos anjos nos levaram para uma linda cachoeira fluindo. E muitas crianças brincando com as suas águas, nos mostravam como podemos simplesmente nos permitir esta sensação de fluidez contínua do prazer de estar vivo.



Quando pensamos na morte, estagnamos este fluir. Eles nos disseram....Por isso eles consideram as crianças, com suas brincadeiras, as grandes mestras do desbloqueio das correntes da vida! Ainda posso me lembrar do barulho das crianças brincando nas águas que acessamos. Foi assim que também pudemos sentir a chegada dos avós em outro círculo de luz se aproximando e se permitindo participar de uma forma serena e leve, desta atmosfera de alegria. Pude sentir também que estávamos sendo observados por outros seres nas montanhas , que completavam a nossa paisagem. Logo a seguir nossos anjos nos presentearam particularmente. Para Fátima lhe mostraram a sua boneca Barbara que foi roubada, ou seja - tinha morrido - mas que ela podia fazê-la renascer. Para mim um disco de cura com meus novos projetos inscritos, para eu fazê-los girar..

Compartilhamos, como sempre, aprofundando mais os presentes recebidos, através das inpirações das cartas do caminho sagrado: Fábio- com o escudo da Sabedoria e da gartidão. Ivete- Partilha e Renovação. Fátima- Recolhimento e Silêncio. Tona - Auto-confiança e Telma - Fertilidade.
Estou me sentindo assim, nutrindo mais uma sementinha que esta Meditação Criativa está oferecendo para todos que desejarem chegar por aqui. Hum!!! Vejam o que nasceu hoje, em nosso jardim!!!!


Bom Dia Telma, antes tarde que mais tarde ainda...
"A meditação me levou a um encontro entre pessoas idosas e crianças num lugar onde havia uma cachoeira. Uns brincavam, outros se banhavam e o nosso grupo observava atentamente o que desenrolava, orgulhoso da produção. A cena confirmou a importância de, nos encontros do Baobá Meditacion, abrir espaço permanente para sintonizarmos com as necessidades essenciais de nossos pais e "descotonetizar"*a comunicação com nossos antepassados, reverenciando-os e prestando atenção aos sinais de presença. Nossa criança interna precisa acionar a alegria e distribuir a todos os idosos que nos circundam. Chamo atenção a conexão com a carta do caminho sagrado que retirei: Partilha/Renovação – Reunião de Tendas, Novos e velhos amigos, Troca de Histórias, Contadas e Recontadas...Deixando cantar as cordas da alma de nosso povo. Um chamado para se juntar a outros e renovar alguns aspectos da vida. Abração, Ivete L.
*Descotonetizar - Termo que Ivete poderá definir melhor, caso vc. deseje!

terça-feira, 12 de maio de 2009

Compositor de destinos, tambor de todos os ritmos (Caetano Veloso - Oração ao tempo)




Fiquei sem saber se escreveria hoje ou não, mas o fato é que ainda não viajei concretamente. Então tento fazer o relato de uma meditação que escorreu por minha alma como a areia do leito do rio seco que visualizamos hoje.

Cada um de nós acessou uma paisagem interna diferente a partir do mote dado pelos anjos, do leito seco, da areia macia. A areia e o leito se transformaram, com a condução de nossos anjos, em ampulhetas do tempo. Acho que a partir daí ficou bem nítido a questão do fluxo. Que fluxo imprimimos a nossas ampulhetas do tempo? Esquecemo-nos da água, e só contemplamos a areia escorrer pela abertura estreita da ampulheta? O anjo chamou nossa atenção para isso, e imediatamente foi possível darmos vazão a um fluxo muito maior, que passou por nosso chacra coronário de maneira abundante, e se transformou para uns em cachoeiras, para outros em quedas e desvios, ou na contemplação da imensidão do Rio São Francisco. Foi possível perceber assim como tendemos a limitar nosso campo de visão, e precisamos de lembretes para saber que temos sempre mais possibilidades do que percebemos.

A areia colorida se deposita em desenhos nas garrafinhas artesanais, ou forma mantras passageiros nas mandalas, e na ampulheta de nosso corpo vai se depositando às vezes em artrites e outros achaques que precisamos dissolver, ou em sabedoria disfarçada em beleza. Alongar, permitir o fluxo passar, não reter as mandalas mas deixa-las ir para dar espaço a novos desenhos de nossas almas, sem deixar de saborear a impressão que elas deixam, como ficou vibrando a cor e a luz dos limoeiros que me apareceram à beira do rio seco e que salpicaram de luz verde minha alma.

A matéria tempo pode ser modificada por nossas intenções e pensamentos. Permanecer um leito seco, onde podemos brincar de rolar, ou encontrar um fluxo de água, com estrelinhas brilhando em suas gotas. Às vezes seco, às vezes cheio, correndo para o mar (sempre para o mar, como diz Ivete, mas podendo se divertir no caminho em saltos, quedas e cachoeiras, como lembrou Fábio).

Que compasso queremos imprimir a este fluxo interno do tempo? O tempo é arte, dizem os Maias, arte de encontrar a essência cósmica que nos guia e alimenta (como o Maná), saindo do leito linear (areia pura) e indo para o leito de água que traz outras dimensões do tempo, nas quais podemos mergulhar e encontrar sintonias insuspeitas entre o tempo de dentro e de fora.

Beijos,

até a volta.

terça-feira, 5 de maio de 2009

Os anjos nos ajudam a manifestar nossa essência (e ficam felizes por isso!)


Ao chegarmos no Sítio União hoje, fomos recepcionados por flores e borboletas, uma delas vibrava beijando uma flor de mesma cor. Entramos na casa de Fátima, transformada pela leveza dos anjos e das flores, ressoando alegremente com a mata em torno. Os jarros estavam delicadamente habitados por flores tropicais da mata, e a felicidade delas ao nos recepcionar era quase palpável. Tona notou que até as cigarras haviam mudado o compasso de seu canto, não mais com jorros dramáticos mas em sintonia com as luzes e as sombras da mata, retocando a atmosfera.

Não havia como não comemorar esta transformação, uma celebração da natureza acolhendo nossos espíritos em mutação. Mas ao som de Tona cantando "Agonia" de Oswaldo Montenegro, conversamos sobre o que estamos vivendo neste momento: a inquietação de tentar conseguir materializar projetos que abarquem uma concepção de comunhão com a natureza, da comunhão com nossa dimensão espiritual, quando as máquinas públicas são emperradas, e dissolvem as intenções que muitas vezes não conseguem chegar à fase de materialização (neste ponto anoto comentário de Telma: muitas vezes há até verba, mas não se consegue impulsionar as intenções suficientemente. Será que a intenção deve funcionar independentemente da verba porque aí sim, a verba viria de onde está para materializar a intenção?).

Ajudados por Lori Wilson e Grand-Mother, fomos em espírito nos sentar embaixo da grande mangueira, cuja copa se espalha deliciosamente em sombra e aconchego. Lá, fomos convidados a colocar dentro de sacos de cimento todos os entraves e dificuldades que encontramos no caminho da manifestação criativa de nossas missões. Essa noção de missão é extremamente centralizante e nos coloca novamente no eixo de nossa caminhada, abarca todas as dimensões de nosso ser. Em algum lugar de nosso trabalho estamos cumprindo nossa missão. Foi assim que sentimos em relação à decisão de Brenda em permanecer ou não no serviço público: ela passa por essa avaliação de alma, não apenas pela das circunstâncias externas.

O Baobazinho havia sinalizado que queriamos que fóssemos vê-lo, desde o princípio. Mas esta visita se revestiu da energia de uma cerimônia porque fomos propulsionados a ir até lá na intenção de ajudar Ivete a restaurar seu espírito para lidar com as dificuldades de seu pai enfermo. A caminho do Baobá, notei como as flores todas se manifestavam: desde as margaridas até a flor da colônia pareciam se colocar no nosso caminho para que as víssemos. Já em torno do Baobá, seres alados inusitados para mim surgiram: libélulas com asas pintadinhas de preto sobre o transparente, "zigue-zagues" completamente verdes, sons de insetos desconhecidos. Todas essas pequenas aparições se revestiram para mim da sensação do poder criativo da natureza, capaz de nos presentear com pequenas surpresas tão vivas quanto nós, e me pareceu que o mundo podia ser pintado de outras cores (libélulas verdes, porque não, e com asinhas pintadinhas de preto, porque não, e porque não a nossa alma podendo também revelar outros matizes pouco usuais, surpreendendo e encantando?).

No final de nossa roda de cura em torno do Baobá, me senti integrada numa nova fraternidade. Ali, naquele momento, curas se processaram em vários níveis. E o Baobá, que nos ofereceu seu acolhimento, fez de nós crianças que se encontraram profundamente nesta brincadeira, como as brincadas na infância, quando o espírito já lhe sinalizava sua essência (como disse a mensagem que Brenda tirou nas Cartas do Caminho Sagrado, precisamos estar refletindo nossa essência para não nos depararmos com um estranho ao olharmos no espelho).

Na volta para a padaria, uma surpresa: passamos pelo Baobá da Encruzilhada, que nenhuma de nós sabia onde ficava! E já na padaria encontrei com um amigo que tinha sido um Baobá, e que perdeu 1oo kg! Fiquei imaginando que árvore ele seria agora, mas sua voz e seu olhar permaneciam estranhamente os mesmos. E me lembrei do que haviamos recebido como recado: é o momento de fazer manifestar nossa essência, não escondê-la embaixo dos quilos ou de outras defesas que vamos acumulando ao longo do tempo. Mudamos e somos os mesmos, é muito estranho e mágico, mas é preciso não nos desconectarmos de nós mesmos, para não correr o risco de não nos reconhecermos no espelho.

terça-feira, 28 de abril de 2009

Beleza, Clareza, Amor.


Aos poucos, sinto minha viagem à França se concretizando com alternâncias de alegria profunda e rasgos no meu plexo solar. Apesar de não ser por um tempo excessivamente longo (40 dias), sei que sentirei saudades. Há um pouco mais de duas semanas para a viagem, já estou conversando com Telma para que ela crie coragem de fazer os relatos aqui, semanalmente.

Hoje, em nossa meditação, falamos um pouco de como o espaço do obaobá nos ajuda a criar coragem, esperança, leveza, e, como os anjos nos lembraram, amor, beleza, clareza, para o que estamos empreendendo em nossas vidas. No obaobá temos encontrado este apoio, em momentos diversos. Lembramos alguns deles: Fátima para se mudar, Telma, para dar apoio a sua mãe, também no período de enchentes em Blumenau; quando me operei no ano passado, foi também neste grupo que senti apoio e segurança, e por aí vai. Para esta viagem também colhi bases profundas no obaobá.
No entanto, ainda continuamos a nos questionar sobre o que estamos fazendo. Parece-nos muitas vezes que estamos meio em dívida, poderiamos estar fazendo mais, servindo mais... E Tona veio em nosso socorro: é que às vezes o fato de estarmos, de simplesmente sermos já traz uma nova luz ou tonalidade a certas situações, a energia de que somos nutridos e que ancoramos transforma e cura o tempo todo. Essa visão é bem tranquilizadora, até porque, na verdade, já temos um bocado de coisas que nos requerem no dia a dia. Porém, não deixa de ser verdade que podemos contribuir mais, não como caridade, como bem disse Brenda, mas como forma de estimular as trocas e as transformações. Esta ótica me parece profundamente sábia, e deixa liberdade a nossa alma para ir buscar o que ela quer movimentar, criar, contribuir com.

Nossos anjos pediram para que fossemos buscar um lugar de conforto dentro de nós. Que lugar mais confortável existe em nossa alma, onde podemos relaxar em nós mesmos, neste momento? Telma visualizou esta conexão profunda nos atendimentos e nos cursos de floral e consciência energética. Brenda transitou pelos momentos em que deu suporte, até o fim, ao seu filho no hospital, e agora a seu tio. Eu me visualizei no colégio onde estudei em Argel, contemplando a vista da baia da cidade, nos intervalos das aulas (acho que para mim os intervalos são importantes, agora materializados em nossos encontros meditativos). Para cada um de nós a vida tem apresentado muitas transformações, de semana a semana. O que conseguimos realizar fica às vezes muito aquém do que gostariamos, e no entanto, ao sentirmos o apoio renovado que recebemos, conseguimos recontactar-nos com mais facilidade com o essencial, buscando um foco cada vez mais claro das ações do nosso caminhar. E hoje recebemos bem nídido que ele deve estar permeado de beleza, clareza e amor. Não é tanto o que fazemos, mas também como fazemos. Assim, Telma que está sendo chamada a voltar a entrar em contato com a arquitetura poderá exercitar isso: seu olhar transformado certamente contribuirá com uma nova sensibilidade nesta sua atividade. Assim como Fátima, que de repente se dá conta de que sua ajuda transformou sua mãe e sua avó em belas damas no dia do aniversário de seu pai, e ficou mais consciente do recado dos anjos de que ela tem como missão o ancoramento da beleza. De repente, ficou fácil perceber e entender.

Assim, de semana a semana, nossa gratidão é sempre renovada pela percepção do que estamos curando, recebendo, e transformando. Às vezes chegamos cheios de apreensão quanto ao mundo, quanto ao que será... E é muito bom podermos receber essas mensagens de conforto, de elucidação, de cura, de ajuda para manter o foco na beleza, na clareza e no amor.

terça-feira, 21 de abril de 2009

Alegria, alegria: por que não?

Estava, desde ontem, tentando achar um fio condutor para escrever aqui sobre nossa meditação. O que me ocorreu foi alegria: o espaço de criatividade e de transformação que a alegria traz e torna possível.

Tudo começa com a imagem ainda persistente em minha mente de um remador matinal num caiaque pelo rio Capibaribe. Estava a caminho de me encontrar com Tona e Telma na Padaria Cidade Jardim para irmos ao Sítio União, quando o vi deslizando pelas águas plácidas do rio. A luz da manhã transformara a cor normalmente lodenta em um verde mais claro, salpicado de luminosidade. Ousar navegar um rio sujo é trazer uma nova alegria a suas águas, e nos fazer enxergar possibilidades que a sujeira subtraiu. E põe em marcha a recuperação do rio, em algum lugar de nossos corações.

Depois, a história apresentada em um curta-metragem que Telma nos narrou, sobre uma comunidade do interior que, durante uma reunião da associação de moradores, é contagiada pela alegria de um deles que conhecera o mar; todos resolvem então se organizar, locam um ônibus, e vão ver o mar. A alegria, o espanto deles é imenso. E essa energia toda faz com que, em seu regresso, eles construam juntos uma sede para sua associação, para abrigar seus projetos.

E, mais adiante, mais alegria e transformação com a resolução de Fátima em comprar a casa. Telma visualizou a felicidade dos anjos com a decisão, deram até dicas práticas de como e onde colocar flores coloridas em jarros na casa. Em seguida, participamos de uma sessão de cura com eles, focalizando principalmente Fátima, mas, como sempre, os espelhos e as curas reverberaram em nós. Os anjos sabiamente fazem refletir de forma criativa as questões que estam sendo curadas de uns para os outros, de forma a que, através de imagens, sentimentos ou lembranças o enfoque caiba em nossa alma e aprofunde nossos processos de cura. Enquanto Telma se dirigia a Fátima, senti que Tona e eu ancorávamos nossos anjos, para trazer uma vibração de acolhimento.

E fomos renovados, com a mudança da energia no líquido de nossa coluna vertebral. Aqui, pela primeira vez, ouvi Tona dizer claramente, em alto e bom som, que ele havia sentido todo o processo acontecer em sua coluna. Quanto a mim, visualizei uma âncora adentrando a minha, e a curvinha de suas hastes se acomodaram com os osso da bacia. Tentei imaginar porque me veio essa imagem: âncora é, como vimos, símbolo de esperança. Senti que ela ia sendo alçada aos poucos: talvez em relação a minha viagem à França que se aproxima, onde novos ares vão ajudar a trazer outras naturezas de energia aos meus líquidos.

A sessão de cura passou por Ivete, que Telma visualizou em processo de cura intenso, e prolongou-se até nossa volta, passando pela padaria, para um café restaurador. E, apesar do incômodo de reviver certas experiências que os processos de cura haviam sucitado, fiquei imensamente feliz de estar podendo perceber que estamos no caminho da alegria. Lembrei-me por exemplo do tempo em que fumava (pois falamos da questão das drogas, de como elas permearam, ou permeiam nossas vidas), e de como procurava, através do tabaco, ir ao encontro de sonhos, sonhos de romantismo, de realizações da alma, de não sei bem o quê, já que comecei com 16 anos, indo até os 30. Percebemos que, ao meditarmos em grupo, e deixarmo-nos conduzir pelos anjos, estavamos realizando o que alguns buscam fazer a partir de alucinógenos. Mas a diferença é que a alegria, a transformação, a orientação que recebemos dos anjos é algo que não se consegue através das drogas, principalmente da forma em que são utilizadas o mais das vezes, fora de contextos sagrados. E me dou conta de que, talvez, ao buscar esses expedientes, nós na verdade estamos em busca de nossa essência, de poder receber diretamente em nossa alma tudo isso que buscamos. E percebi com clareza o amortecimento que provoquei em meu corpo e em minhas emoções com o uso do tabaco, por não saber, não poder acessar fontes de sabedoria inatas a minha alma, que busquei no fogo "sagrado" do cigarro.

Por fim, recebi bem claro que seria salutar nos aproximarmos do anjo do rio, perceber a sua natureza e suas mensagens, tentarmos ouvir as mensagens dos anjos das árvores... O que vem fazer uma ponte com o que li em Celia Fenn: estamos numa época em que nossos corações estam sendo renovados para podermos entrar em contato com a natureza. Mas isso requer uma limpeza do medo acumulado pela nossa desconexão com ela. E lembrei de Telma: ela sentiu que seu coração estava sendo profundamente curado, com alavancadas que chegavam a fazer sons: "pla!, pla!, pla!", e uma nova abertura se fez (tirando o medo de que fosse uma ataque cardiáco, essa transformação foi mais uma alegria trazida pelos anjos).

terça-feira, 14 de abril de 2009

A natureza de nossos rios

Estou aprendendo, desde a semana passada, a considerar a questão das transferências, dos espelhos, acho que de tanto Telma repetir, e, finalmente, por ter sentido isso ao vivo e a cores com o caso do cliente que atendo por msn. A partir daí, aquela expressão "pimenta nos olhos dos outros é refresco" não se aplica, ou melhor, talvez sejam essas algumas das maneiras de aprendermos que de fato, não é assim.

Na meditação de hoje parece que vivemos um pouco isso. Questões que nos parecem estranhas, ou pessoas que não conhecemos podem nos afetar, por que estão também dentro de nós. Na verdade, sinalizam pontos a serem curados, para que possamos fluir com mais inteireza na correnteza da vida, e, pela mesma ocasião, ajudar o outro a desmanchar seus nós também. (Abordamos questões de trabalho, doença e morte, dores e confusões). A questão da memória "seletiva" foi um ponto interessante: existem "lembranças-chave" que não são apenas uma recordação, mas uma sinalização... Acho que temos vivido muito isso, a interligação de certas lembranças vão formando uma paisagem nova, que de repente traz um novo sentido e assinalam uma direção a tomar.

Entrecruzamos muitas informações sobre diversos assuntos, e o que mais ficou presente em mim foi a questão da revitalização dos rios, como está ocorrendo em Seul. É que ficou registrada em minha alma, uma conversa nos anos 80 com a sogra já falecida de uma ex-cunhada, Elitza, no Rio. Ela me contou que quando era jovem, de passagem por Recife, ficou encantada com certos córregos de águas transparentes e seus peixinhos coloridos nos quais chegou a tomar banho. Aquilo me pareceu fantástico diante do que conhecemos hoje do rio Capibaribe e Beberibe, e minha imaginação formou imagens idílicas de um paraíso perdido.

Saber que é possível recuperar os rios, assim como é possível desatar os nós do rio das nossas vidas, e que talvez um vá de par com o outro, me parece cada dia mais plausível. No fim de semana, na praia de Barra Grande, Alagoas, contemplando um braço de mangue desaguando no mar, fui tomada de imensa felicidade por estar comungando com esta energia criativa através do floral, que ressoou em mim como o reencontro deste paraíso perdido, nada mais do que um alinhamento profundo com a natureza. Mil idéias afloraram, ecoando com outras que emergiram hoje no Sítio União, de integrar algum projeto com crianças (e adultos) para se aproximarem da natureza através da brincadeira, mas com profundo alinhamento.

Entre a França e Kaká Wera, alguma coisa me chama, em todo caso trás esperança, que era o nome da jangada ancorada perto do mangue, onde vi minha alma exultar.

Ainda persistimos em nossos questionamentos, dores e incertezas, mas começo a acreditar que algum novo sentido, escondido nas brumas deste despertar, está se assinalando.

Não sei que curas podem ter advindo para cada um de nós hoje, as questões foram muitas e entrecruzadas, mas senti ficar mais palpável alguns projetos que andam caminhando conosco há algum tempo, crianças, natureza, árvores... Talvez, de alguma maneira, possamos juntar alguns talentos e fazer um trabalho espiritual de natureza... E estamos aguardando alguns partos prometidos, além da criança de Simone, tais como livros, Quicks, e praça do Baobá, e outros...










terça-feira, 7 de abril de 2009

Somos frutos, sementes, árvores, somos flores.


Nossa! Acho que em vez de relato, caberia aqui um silêncio profundo de semente, bem aconchegada no úmido da terra, sonhando sonhos cósmicos.

Estariamos virando, de vez, árvores?

A copa de um flamboyant conversa comigo no meu corpo etérico enquanto escrevo aqui. É aquele que fica na calçada, do outro lado da padaria Cidade-Jardim, onde costumamos fazer uma pausa antes e depois do Sítio União.

E me lembro agora que Vida, guia de Telma, nos disse isso hoje, estamos nos exercitando a sermos árvores de um bosque, uma vivendo em sintonia com as outras, e com seus pássaros e suas copas estreladas.

Outro dia, comentava-se que muitos dos homens da minha família paterna são meio glabros. Isso, por conta dos índios Cariris, de quem, em parte, descendemos. O que, para mim, algum tempo atrás, pareceria meio folclórico, hoje se torna fonte de sabedoria. Quero conhecer mais as matas com as quais esses antepassados se relacionavam em harmonia, e das quais se sentiam parte. Porque, meu Deus, buscamos sempre saber quem seria nosso melhor colonizador, se portugueses ou holandeses? Acho que ainda não penetramos nos corações de nossas árvores.

Falar em árvore e coração, recebemos a mensagem de Vida de que as árvores gostam dos corações que os namorados cavam em seus troncos. São para elas como tatuagens de amor. Penso aqui comigo se isso vale também para aqueles amores meio desesperados e românticos que às vezes são os que levam a esses gestos?

Telma foi besuntada de óleo de castanha de caju, seu corpo se refazendo do cansaço dos atendimentos da segunda-feira. As árvores como curadoras, doando de seus frutos para acalentar Telma que havia doado seus frutos da alma, mas se sentia preguiçosa.

Surgiu a questão do merecimento. Às vezes temos dificuldade de aceitar aquilo que já recebemos, e, às vezes, chegamos a rejeitar por algum tempo os presentes do universo, porque não nos julgamos merecedores. Seja Fátima com sua maravilhosa casa, seja eu com minha viagem à França, seja...

Senti que alguma coisa está sendo preparada pelos anjos. De repente me vejo impelida a ver a possibilidade de viabilizar o projeto relativo a árvores com que fomos sensibilizados há um ano atrás (me lembro desta meditação com bastante clareza). Coincidência atrás de coincidência vão me dando amigáveis puxões de orelha que vão me alinhando com esse propósito. Primeiro, surgiu mesmo em forma desta meditação de um ano atrás. Depois, o desejo de Telma, que compartilhamos em seguida, de fazer a praça em torno do Baobá da Ponte d'Uchoa (em que ponto estará?). Depois, o plantio do Baobá no Sitio União. O recente envolvimento de Telma com projetos para cidades saudáveis. E, sua visita aqui em casa, trazendo o livro "O chamado das árvores" para minha mãe. Deu uma espécie de declique, algumas perguntas que ela me fez sobre o instituto que está sendo montado, e que acho, poderia ser uma instituição passível de abrigar estes projetos com árvores (ainda não sabemos como nem quando, mas coisas já se mexem muito concretamente dentro de mim, como a semente se aconchega na terra úmida). Ao dar uma olhada no livro "O chamado das árvores" vejo que o comentário da capa é o mesmo que minha mãe fez a Telma sobre elas: estão sempre aí, mas não notamos elas, é como se sempre fizessem parte de nossa paisagem, mas não as incluimos realmente. Surpreendi-me a ler o mesmo, em outras palavras, na apresentação do livro. Meu Deus, acho que é como diz o James Redfield, seguir "os recados" pode ser como viver uma pequena aventura de detetive dentro de sua própria vida.

Sinto que estamos sendo "projetados" fora do nosso carrossel original, ao qual sempre voltamos para nos divertir às terças-feiras, como no e-mail que Telma nos enviou de Blumenau, quando sentiu a dinâmica de como seria nosso trabalho (ver neste Blog "Cartas da Alma", e ver ou rever também "Mary Poppins", a cena onde os cavalos do carrocel se soltam e vão passear nos campos ingleses!)

Ao mesmo tempo, é bom saber do acolhimento, um tanto uterino, das meditações das terças. Obrigada, anjos e amigos.



terça-feira, 31 de março de 2009

Como é bom poder tocar um instrumento

Sempre que a meditação se faz no Sítio União, sentimos um apoio que vai além, mas está também no canto das cigarras, é uma mistura de som e de côr, de sol, dos insetos e pássaros que cantam, da brisa que passeia entre nós como que para realçar uma frase dita, ou para deixar o pensamento mais leve.

A brisa e o sol no terraço de Fátima também nos assinalaram a necessidade de intervir na natureza para que ela viceje, floresça, frutifique... Pudemos senti-los chegando sem entraves depois de uma poda que havia sido feita na mangueira ao lado da varanda, e a vista que foi assim descortinada mostrava novas possibilidades, novos horizontes, uma interação mais profunda com o que estava em torno. E Telma recebeu a mensagem explícita de que seria bom haver uma poda na mata-jardim em volta para deixar o Sol-pai entrar, afirmando a vida.

Sua tradução do que a natureza estava pedindo foi misteriosa e precisa, cintilava com a linguagem verde da folhagem em volta. E apontava esperança, não só para a renovação da mata, mas também para os projetos de Fátima, a afirmação de seus sonhos.

Puxado por Telma, a temática de um paciente que atendo por msn se transformou no tema de cura de alguns de nós. Ele saiu de casa aos 16 anos, mais ou menos como o decidiu Tona, e isso nos remeteu aos nossos 16 anos. Viajei neste período da vida com um olhar mais condescendente para comigo, e notei que quase nada então me trazia a sensação de aconchego. Nem a casa onde morávamos, nem a escola em que eu estudava, nem as amizades ainda muito recentes (acabara de chegar da Argélia). E tentei imaginar como seria se eu já conhecesse, então, os anjos. Me lembrei que foi nessa idade que comecei a ter minhas primeiras aulas de violão, depois interrompidas, retomadas por duas vezes, novamente interrompidas... Acho que eu percebia minha professora, que era gordinha, como uma espécie de anjo, pois apesar do peso, movia-se com enlevo e trazia a tira-colo, junto com o violão, as canções que davam ar de feriado aos dias escolares, e a possibilidade de se expressar na linguagem comum da música, com canções brasileiras que conhecia, outras desconhecidas, mas que eram cantaroladas por todos. Pois a realidade me era muito estranha, mas as canções brasileiras haviam acompanhado todo o meu período de infância no exílio.

No terraço de Fátima, brincamos um pouco com nossas funções e profissões, os disfarces que damos a nossas atividades "terapêutico-espirituais", os entraves que erguemos entre nós e os outros, entre nós e nós mesmos. É mais fácil se dizer arquiteta, psicóloga, empresário ou professora. E o que hoje sentimos é que estamos sendo sutilmente chamados a atuar com um conhecimento renovado, até, porque não, nessas áreas em que nos formamos, criando novas vertentes e novos olhares sobre questões antigas ou recorrentes de nossa sociedade.

Lembrei-me de um amigo, que foi torturado e exilado, e que não conseguiu refazer sua vida profissional de volta ao Brasil, embora fosse muito inteligente e competente no que fez um dia. Lembrei de outro, também mineiro, exilado, médico, e que trabalhava em Argel nos postos de saúde pública no programa de combate à tuberculose. Ele me levou certa vez com meu irmão para vermos a sua consulta. Não falava bem o árabe, só dizia as palavras chaves, como "abra a boca" "tussa", que eu acabei também fixando. Enquanto escrevo aqui, me volta o ambiente de seu consultório, envolto numa atmosfera claro-escura, e acho que algo mágico se passava alí. Sem muitas palavras, por causa da barreira da língua, conseguia fazer uma consulta completa, e era um médico muito querido. Talvez, então, sem saber, eu tenha percebido que algo de diferente se passa quando há uma interação sincera entre terapeuta e paciente, algo que não passa pelas palavras.

A visão de profissão como uma atividade útil a sociedade foi muito clara para mim na Argélia, um país em reconstrução depois da guerra com os franceses (e hoje, um país um tanto dilascerado, apesar de estar relativamente bem economicamente). Enquanto nos questionamos sobre nossas atividades (ou somos questionados) e seu alcance "prático", me dou conta que talvez estejamos numa mudança de paradigmas, que nos faz caminhar bravamente por novas sendas, e que os desconfortos que sentimos aqui e ali são parte do caminho, e não retiram dele nada de sua beleza. É impressionante verificar o quanto de calma também nos chega, de certezas e de aconchego, estes que não encontrei aos 16 anos.

Talvez nessa mudança, o meu amigo que ficou "inutilizado" profissionalmente pudesse então encontrar um novo espaço de atuação, que abarcasse novas dimensões do ser e da riqueza que ele carrega consigo.

A coleção de entraves e de endurecimentos desde então talvez tenha se materializado em mim nas pedras da vesícula que agora preciso operar. E estes mesmos entraves, que colocamos quanto ao que fazemos, estão sendo, aos trancos e barrancos removidos a cada dia, pela percepção renovada e pelas sinalizações dos anjos. Me dou conta, ao mesmo tempo, que talvez seja necessário, para nos convencermos, passarmos a poder materializar algo que nos assinale um marco, como a praça do Baobá, e outros santuários da natureza na urbe, que sejam como diamantes a lapidar nossa sensibilidade. Que Fátima possa podar a mata-jardim, para que flores renasçam, que eu plante uma nova roseira, ou que, simplesmente, possa ouvir e ver melhor a natureza para acolher e ser acolhida, em todos os passos da vida.

No fim, terminei a meditação com uma consulta a Telma, o que fez com que apressasse as iniciativas para uma provável operação da vesícula, a qual ela me ajudou a ver como mais uma poda, para poder reflorir e frutificar. A linguagem com que ela me passou isso tinha a mesma vibração da que ela aconselhou a poda para Fátima...
Resta-me apenas agradecer as pedras do caminho que me fizeram chegar até aqui, e depois de tudo, ainda quero voltar às aulas de violão.

terça-feira, 24 de março de 2009

Navegar é preciso


Durante o almoço, minha mãe esclareceu-me a propósito dos símbolos da trilogia teológica: fé, caridade e esperança. A cruz representa a fé, o coração a caridade, e a âncora a esperança.

De repente, tinha-se desfeito, pelo menos aparentemente, a nossa idéia inicial de âncora como representante da caridade. Esta temática surgiu na nossa meditação a partir do colarzinho contendo esses três símbolos que Cecília, filha de Telma, presenteara a seu sobrinho e afilhado Leo, quando de seu batizado.

Contemplei um instante a imagem de âncora que me ocorrera em meditação, e a ressonância de mistério que emanava dela, como se carregasse chaves do nosso destino. Talvez, então, vendo isso à luz do que ela representa na trilogia, estivesse me assinalando a esperança que ela simboliza de podermos perfazer com plenitude nosso percurso de vida. Ancoramos nosso barco em novas paisagens que são nossas etapas de vida, renovados de esperança, apesar de bagagens antigas que podem conter dores, desapontamentos, frustrações. A âncora nos diz: "Alto lá! Aqui é outra paisagem, é outro momento, trago do alinhamento com seu Espírito novas esperanças vindas do céu para a terra".

No dicionário, consta o sentido de âncora como sinônimo de apoio, amparo. Aqui, encontrei um ponto de contato com o sentido de caridade que lhe atribuímos. O amparo é caridade, ele nos fortalece as esperanças de podermos prosseguir em nossa caminhada. Entendi melhor a mensagem do anjo de Telma falando em caridade que liberta: apoio que traz esperança para podermos prosseguir em nosso caminho.

Depois pensei nas âncoras de que Ivete falou, as ligações com nossos próximos: a necessidade de sentir o apoio de quem nos acompanha, não como algo que nos cerceia, mas como conexão que dá sentido a cada uma de nossas ações e faz com que nos sintamos acompanhados em cada decisão.

Veio-me então outra imagem de âncora que me ocorreu durante a meditação: uma corda já carcomida pelo tempo, o navio afundado. Aqui, a âncora não tinha mas a mesma ressonância de mistério, de "o que advirá agora?", mas marcava o local do fim de um percurso, ali onde nosso barco-corpo iria se desfazer para reintegrar a terra. Aqui ela é ponto final, testemunho de que houve um percurso que chegou ao seu fim, e de transformação, e porque não, ainda, de esperança.

Depois, o que Salete falou veio claro: a âncora é para ela instrumento de trabalho nos reservatórios de água que inspecciona. Permite criar estabilidade para que o trabalho possa ser feito. Talvez seja isso: a âncora permite que possamos aportar renovadamente na vida, e nos presenteia com novos contextos tingidos de esperança para que possamos fazer nossa parte, em alinhamento com os céus...

«Mas vocês, crianças do espaço, vocês os inquietos em repouso,vocês não sereis nem capturados nem domados.Vossa casa não será uma âncora mas um mastro.Ela não será um véu brilhante que cobre uma ferida, mas uma pálpebra que protege o olho.Vocês não encolhereis vossas asas para poderem atravessar as portas, nem baixareis vossas cabeças para que elas não toquem os tetos, nem temereis de respirar de medo que as paredes não se fendam e caíam.Vocês não habitarão sepulturas construídas pelos mortos para os vivos. Mesmo feita com magnificência e esplendor, vossa casa não saberá conter vosso segredo nem alojar vosso desejo. Pois o que é infinito em vós habita o castelo do céu onde a porta é a bruma da manhã, e onde as janelas são os cânticos e os silêncios da noite.» Khalil Gibran

terça-feira, 17 de março de 2009

Buscando acolhimento nas conexões

Esta foi a primeira vez que baixei uma imagem antes de escrever o texto aqui no obaobá. Sinto que ela ira me auxiliar, depois de uma manhã de intensos trabalhos "terapêuticos".

Neste quadro da "Última Ceia" de Da Vinci, Jesus, no centro da cena, é ladeado pelo apóstolo João, que no filme "O Código da Vinci" é revelado como sendo na verdade Maria Magdalena. De fato, sua figura tem uma suavidade feminina, que faz eco ao feminino de Jesus. Os outros apóstolos têm uma movimentação mais "áspera", enquanto que Jesus e Magdalena parecem manter uma conexão interior que os torna mais suaves. Um veste vermelho e se reveste de um pano azul (Jesus), o outro (João, Magdalena) veste azul e se cobre de vermelho.
João-Magdalena se derrama sobre seu companheiro, mas sentimos que ele está conectado a Jesus, no centro da cena estão os braços dos dois lado a lado. Essa conexão permite a João-Magdalena se doar aos amigos, e a Jesus resplandecer em vermelho e azul (masculino e feminino).
Não sei bem qual foi o "tema" da meditação de hoje, mas de uma certa forma, acho que teve a ver com nossas conexões, e suas naturezas. Conexões de diversos tipos, relacionamentos de diversas sortes, experiências antigas e atuais que fogem a padrões e fazem-nos questionar também sobre a nossa natureza, espiritual, sexual, cósmica. Afinal, para quem medita à luz de árvores, de Baobás, e sabe da sua natureza estelar, essa questão de rótulos e padrões começa a revestir o mesmo significado que as cores do prisma. Na verdade, a luz-unidade é branca (aqui me lembro de Ivete falando da Diana do pastoril) , se olharmos pelo prisma esta cor se divide em várias tonalidades (Tona, você é uma delas).
Saber que nossa alma tem tantas cores quanto o arco-iris e mais (me lembro agora de nossa conversa na padaria falando de amizades coloridas, termo gracioso que ressoa com a liberdade de poder expressar os vários coloridos da alma) permite perceber que nossas conexões de alma podem também ter muitas cores... As misturas das tintas podem dar laranja, azul, rosa ou verde, mas o que nos pareceu primordial foi que elas brilhassem como os cordões dourados que nos ligam a nossas almas e a nossos anjos. As vezes misturas excessivas ou mal equilibradas das cores resultam numa espécie de verde lodento, onde o brilho original das cores primitivas desaparece...
Cuidar da conexão primordial que é a conexão com nossa alma, com nosso anjo, atrairá naturalmente os parceiros divinos, que são aqueles que tendem a nos deixar livres, como as flores, borboletas e passarinhos, doadores, alegres e belos, e nutridos naturalmente de sua própria beleza e alegria.
Talvez estejamos questionando a natureza das nossas conexões, revendo padrões e preconceitos arraigados, que fomos acumulando ao longo do tempo, sem querer ou perceber, como exercício para podermos ampliar nossos contatos internos com nossos anjos, guias. A qualidade da conexão é o que importa aqui, a vibração da alma, se ela está em azul ou vermelho, talvez não seja o fundamental, mas que sejam cores da alma, que acolham o corpo.
Telma, conduzindo a meditação, nos levou a observar nossos cordões de conexão... A quem estamos conectados? Na ponta do dela estava seu anjo... Assegurou-lhe que podia ficar tranquila de sua proteção, apesar de seus muitos cordões e conexões, no final, ele sempre estaria com ela.
Sinto que estamos com mais vontade de cuidar dessas conexões. Queremos sentir seus significados de maneira mais profunda. Sabemos que não estamos em contato a toa. Que há certos laços que lampejam com luz divina... Quando isso acontece, ficamos desinteressados dos rótulos. Não têm a graça nem a leveza da alma, apenas podem auxiliar nos códigos sociais, quando a alma se ausenta.
Sentimos que o mangue continua presente, através do floral que tomamos diariamente, revelando uma nova natureza ao nosso redor e dentro de nós, possibilitando um encontro com o nosso renascimento em tempos de conexões renovadas.
PS: O quadro de Da Vinci me foi inspirado pela aparição de Jesus na meditação, mostrando seu coração de onde saem raios de diversas cores, como na chama trina. Meu avô João Batista me fez recordar esta cena, por causa da proximidade com o apóstolo João Batista-Magdalena.
PS2: Recebemos o encanto de ouvir Ivete em uma canção que ela estudou esta semana. Sua voz delicada e envolvente nos comoveu...

terça-feira, 10 de março de 2009

Mangu-eira criativa

Sinto-me agraciada por poder escrever aqui estes pequenos relatos do obaobá, sem o quê, como disse o músico da orquestra de Kinshasa, eu poderia explodir, ou subir em espiral para os céus, me sentindo como um girassol que se elevasse nos quadros de Van Gogh.
É que o floral do mangue, vou te dizer uma coisa.... Se o problema era criatividade... Sinto-me como um caleidoscópio tranquilo de possibilidades, e faço sem problemas conexões entre Rimbaud e Santa Terezinha do Menino Jesus...



Conforta-me sentir que Tona tenha conseguido, com seus "recados", dar o tom justo, profundo e confortante a cada um que coloca suas questões pessoais durante nossas meditações. Sem suas palavras acolchoadas, muitas vezes ficariamos sem a percepção de que os anjos estiveram conosco.
Hoje, em especial, ficamos embaixo da mangueira, e visualizando agora a cena de nós todos ali sentados em roda, veio-me a imagem daqueles conselhos tribais, com suas deliberações que me parecem sempre meio mágicas, como se não se baseassem apenas em eventuais leis estanques, mas no coração, na intuição, nos "recados" que chegam através da natureza. Os grilos e as cigarras (escolhi meu lugar junto a um grilo pousado na esteira) parecem dizer: "estamos aqui, estamos ouvindo, e não estamos indiferentes, a natureza não está indiferente".

Vem-me agora a imagem de Fábio recapitulando para Telma uma parte do processo que ela viveu com a decisão de deixar a Sal da Terra, e como o que ele viu e sentiu trouxe uma nova clareza ao que ela está transformando, trazendo uma linha de pensamento no tempo quântico dos eventos, apoiando suas novas decisões.

Foi muito bom constatarmos que haviamos avançado em nossos processos criativos, de uma forma ou de outra as coisas têm se aberto, como rosas, romãs, e se ofertado sob formas diversas, em aberturas de perspectivas, e, deliciosamente, em um doce de pitanga feito por Ivete.

São agora quase quatro horas da tarde, e só agora consegui pousar minha cabeça, que tentei ocupar com as traduções em que estou trabalhando, e me sinto, desde então, girando dentro de uma atmosfera feliz por carregar possibilidades, de tal forma que por vezes fico com medo e quero voltar a minha "rotina básica", mas continuo sendo enlevada como se andasse por uma espécie de via láctea atravessando meu corpo suavemente, revelando as pequenas e gentis ou grandes possibilidades que estavam ali embutidas, como se um pacotinhos de chicletes coloridos, como pequenos e mágicos arco-íris fossem ativados...

Na meditação propriamente dita, orientados por Telma, visualizamos nossas conexões sutis, através de cordões e ventosas nos ligando a processos criativos. E enquanto recordo isso, sinto que o mangue é este útero, a partir do qual nos conectamos com as dimensões criativas, uma especie de manguenet, ou mãeguenet, magnéticamente encantado... Acho que não seremos mais os mesmos...

terça-feira, 3 de março de 2009

Pano para os mangues


Está ficando difícil de escrever aqui e manter algum nexo com o senso comum, pois as experiências estão ficando extremamente tranquilas e incomuns. A clareza das mensagens tem sido pungente e calmante...

Hoje, no Sítio União, na casa de Fábio, houve entrelaçamento de visões, como as de Telma e Fábio, recados claros para Fátima e Ivete.
Tona serviu de mensageiro, revelando a essas duas últimas a razão de seus desconfortos. Eu me senti sendo modelada na lama do mangue.
Antes de começarmos a meditação, tomamos cada um três gotas do floral do mangue. Até agora me sinto meio amolecida, como se tivesse de fato entrado no mangue, mergulhada nele.

E da experiência toda me pareceu saltar um motivo comum. A do renascimento, o ser remodelado, o ter uma chance de partir renovado, deixando para trás bagagens que já não nos servem mais.

Fábio assistiu a seu próprio enterro, Telma se sentiu num enterro. Eu me senti sendo retrabalhada, como uma massinha com a qual você pode sempre recriar novas formas. Telma foi nos guiando suavemente a tentar encontrar o desejo que gostariamos de modelar durante a semana. Tudo veio regado com o perfume de angélica no jarro perto de nós.

Nossa, é tão calmante saber que podemos ser assim abraçados pela Terra, sentindo nosso espírito vivificado. A idéia de mangue como berçário, como lugar de reparação, e mais do que isso, de recriação, fica cada vez mais nítida. Nossa vida pode ser sempre recriada, podemos voltar ao berçário, e temos ajuda para aninhar nossos desejos e projetos, até que eles se sintam tranquilos, firmes e alegres de partir para o alto mar. Estamos dando panos para os mangues.

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

Meditação Beija-Flor



Nesta última terça, resolvemos fazer a meditação cada um a partir de sua casa. Telma estava adoentada, e assim ficaria mais prático para todos fazermos a conexão virtual. Desde a última terça, houve uma mudança de ritmo, já que Tona, Telma e eu fomos para o mangue em busca de flores do mangue vermelho, e nos deparamos com um novo planeta, um lugar de trocas intensas e de germinação.

Um pouco perdida com estas mudanças de foco, fui para o terraço meditar, esperando ou prevendo um mergulho em águas diferentes daquelas em que costumo entrar diariamente em minha meditação pessoal. Sinto uma diferença de intensidade e direcionamento nessas duas meditações. Ultimamente, na que faço diariamente, têm vindo "recados" bem precisos acerca de minha vida diária, ou de cuidados que preciso tomar, ou dicas de que direção tomar, ou ressurgem coisas antigas para serem cuidadas e curadas... Tenho tentado seguir essas orientações na medida do possível, e tenho me deparado com uma sensação de abertura de caminhos, a vivência das "possibilidades" quânticas.
Ao entrar na meditação, tentei visualizar o nosso grupo e surgiu a imagem de todos no terraço da casa de Fábio, no Sítio União. Claramente estavam Tona, Fátima e Brenda.

A sensação de mergulho foi muito intensa, senti que venho curando coisas muito importantes, e que de certa forma minha energia está mais "aberta", minha paisagem interna está se transformando porque houve faxinas gerais, e teias de aranha e manchas removidas deram espaço para um conforto e uma claridade maiores. Essa faxina interna ressoa com a que vários de nós vem fazendo em suas casas, com o período do ano que é propício a "descartes" e doações.

Então foi fácil e profundo, apesar de sentir muita coisa a ser trabalhada, era uma energia que propulsionava para frente e para dentro, não mais apenas limpeza mais também começar a colorir a paisagem com coisas interessantes e boas.

Foi então que senti o Beija-Flor, que narrei no Grupo. Ele voava a alguns palmos de minha cabeça. Uma aluna bióloga que gosta muito de flores disse que os animais sentem nossos anjos guardiões, e se aproximam deles. Achei mesmo que o Beija-Flor trocava uma prosa com meu anjo, já que ele insistia em permanecer a alguns palmos de minha cabeça. Vibrava em sintonia com ele. O que ocorre é que agora estou cada vez mais em busca dessa sintonia, o que pode, como disse certa vez Telma, se tornar uma espécie de vício. O maior obstáculo é o medo, de quê exatamente não sei (de ficar louca, fui assegurada de que não precisava pois já era), talvez, provavelmente, de não ter habilidade de cuidar do lado material no sentido "clássico" da coisa.

Assim, continuo seguindo as orientações, os "recados", que quando meditamos em grupo adquirem dimensões mais amplas.




quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

Planeta Mangue


Não imaginava que carangueijos pudessem ser seres tão acolhedores e comunicativos. Quando Telma, Tona e eu chegamos na margem do mangue na qual poderiamos encontrar as flores que se buscava para criar o floral, fui logo recebida por um deles que veio sem medo até mim, e com um gesto de sua pata maior fez uma espécie de aceno, nos recepcionando em seu território... A partir daí senti que haviamos adentrado outro planeta.

Primeiro, fomos a procura das flores, o que já me pareceu algo fantástico, pois jamais havia pensado que houvesse flores no mangue. Logo nos deparamos com algumas delas, mas já secas, naquele ponto em que sua base está prestes a cair por terra e dar origem a novas plantas. (Neste ponto, precisamos da ajuda de Samanta para entender o ciclo da flor).

Constatamos que talvez não tivessemos chegado na estação propícia para encontrar um número de flores suficientes, e Telma recebeu a mensagem, ou "recado", como diz Tona, de que haviamos chegado tarde. Então resolvemos simplesmente sentar sobre as raízes incrivelmente fortes da vegetação, tentando meditar, ou nos sintonizar com alguma orientação que pudesse nos esclarecer sobre o processo de criação do floral. Olhei em volta tentando sentir o que me dizia o mangue, que eu adentrava pela primeira vez. Pareceu-me estar dentro de entranhas, como Jonas na baleia, ou Gepetto. Quanto a este último, pai de Pinocchio, que fora em busca de seu filho e terminou sendo engolido pela grande baleia, talvez nos remeta um pouco ao que depois o mangue nos falou, e com especial clareza a Telma, sobre vida, morte, criação, e aborto. Gepetto na baleia estava em meio a uma crise em relação a sua criação, Pinocchio, que lhe escapava e se rebelava, mas que foi ao seu encontro, se reconciliando com ele na baleia. Foi isso que senti ali, um entrecruzamento das gerações, dos estágios de vida, uma UTI reparatória e germinatória.

Telma sentiu processos de curas profundas relacionadas ao aborto, e depois vimos na assinatura do ambiente este sinal: muitas plantas eram lançadas à terra, mas poucas realmente brotavam, ou "pegavam". Quando isto acontece, elas surgem com vigor, com um verde vibrante.

De repente, moscas começaram a morder a perna de Tona, e ele percebeu o recado para nos movimentarmos, sairmos em busca de mais coisas. Fomos adentrando o mangue, por uma senda criada por mão humana, e fomos chegando a uma clareira. A sensação era de estar numa floresta, daquelas encantadas. As raízes retorcidas das árvores acrescentavam ao ambiente uma sensação de magia psicodélica. Neste momento, Telma percebeu: haveriamos de criar um floral ambiental, da água do mangue. A água falava do processo criativo que buscávamos, e seria um primeiro passo para irmos conhecendo toda a mensagem que o mangue queria nos passar. Então colocamos na vasilha redonda de Telma água mineral e buscamos um ponto onde o sol pudesse inscidir sem interferência alguma sobre a água. Ficariamos ali por uma hora, aguardando o processo alquímico se realizar. E foi aí que o processo mágico aconteceu, Tona começou a perceber luzes psicodélicas verdes e azuis brincando dentro da água, e luz dourada se espargia em volta. De pé diante da vasilha, ele se maravilhava como uma criança e nos narrava tudo o que via, boquiaberto. Telma sentada na raiz forte de uma árvore acompanhava o processo em silêncio, orientando-nos aqui e ali. Tona dirigiu a luz para seu coração e sistema circulatório, e nós juntamos o segundo chacra com o timo, fazendo a conexão das energias criativas. Senti-me como um jarro novo (acho que essa é a frase de uma canção de catecismo). Barro e luz, foi a síntese. Estava renovando meu ateliê de criação, que, ficava claro estava sendo colocado em reparo e remodelado para poder dar novos frutos. Fracassos e abortos estavam sendo absorvidos pelo mangue, baleia acolhedora das obscurezas da alma (depois do obscuro, que é como um amigo inglês chamava o bar dos anos 80).

Olhando para a água na vasilha, via no seu fundo a luz como que depositada no seu interior, parecia um pequeno sol, um pequeno planeta brincante que entrara ali e se divertia colorindo a água. Tona me mostrou a variação de cores da luz. Era encantador como ela passava do amarelo, para o verde, depois para o azul. Pulsava de uma vida que parecia vir de outro planeta.

Ficamos um pouco mais ali, sentei na raiz de uma árvore, e observei os carangueijos. Eles se aproximaram da vasilha, e fervilhavam em torno dela. Havia de várias cores e tamanhos, e admiramos a sua convivência pacífica, e o aceno de suas patas dianteiras. Um deles era marrom como a lama mais brilhava como um besouro dourado.

Quando olhamos o relógio, fazia exatamente uma hora que estávamos ali. Então, coamos a água com um pano de fralda, e fomos andando em direção ao bar restaurante do outro lado da margem. No caminho, Telma "colheu" a água do mangue, límpida naquele local, e que neste momento corria do mangue para o mar. Então, suspiramos fundo: havia se concluído o processo de criação do floral.

Finalizamos a excursão com um banho nas águas do mangue, que até agora reverbera em meu corpo e alma. Não há palavras para agradecer tudo o que vivemos.

PS: Em alguns momentos nos conectamos com o Sítio União, e de lá sentimos chegar apoio e aconchego, numa conexão horizontal.