sexta-feira, 31 de outubro de 2008

Poema a Baobá

Enquanto a tarde se esvai
Uma árvore vai nascendo em mim.

Amanhã, vamos plantar Baobá!

Sua semente se aconchega em minha alma
De tal maneira
Que não sei se ela ou eu.

Alguém, muitos séculos atrás me pediu:
“Planta lá um Baobá!
Pra lembrar!”

E esse recado antigo
Dói e desabrocha na memória
Não sei se de mim ou você.

A árvore na terra
Vai contar às crianças estórias de estrelas
E de algum modo tremo
Porque esta terra já fui eu
E eu já fui ela
Porque nesta terra houve um sonho,
Um silêncio de anjos de nascer.

Mas agora Baobá!
Agora, precisamos Baobá,
Agora, as caravelas já se foram,
Baobá!
Agora, os príncipes desamanheceram,
Baobá!
Agora minhas crianças já nasceram,
Baobá!

A contemplação da infância
E eu me agarro a suas saias
Baobá...
As estrelas de seus galhos se acendem,
Baobá
Na noite das tristezas,
Coração.

Nada mais será como antes
Amanhã,
Baobá...

Me levas para o lugar que me prometestes
Baobá!

Lá,
Sorrisos nas folhagens,
Baobá!

O entendimento permeia a tarde,
E nela velejo como antes de ter nascido
Quando me despedi definitivamente de ti
Para nos encontrarmos no infinito,
Baobá!
Instalas uma canção no ar desta tarde
Como um regaço
Brilhante como uma fada madrinha.

Voltastes de lá da terra
Dos algarítmos dourados
Onde Deus se esvai em ondas no horizonte
Com os pássaros, Baobá!

Voltastes para contar as mesmas histórias
De antes de eu nascer
Para eu saber que sim,
Baobá, vim de lá pequenininha,
E ainda piso neste chão devagarinho.

Mas agora Baobá,
Ele será salpicado de estrelas...

Mariana Alencar

terça-feira, 28 de outubro de 2008

Plantando a nossa semente

Quando a História dói em nós, talvez seja sinal de que nos esteja sendo pedido grandes transformações. Assim senti nossa meditação de hoje. Nos demos conta da presença da violência na nossa História e na história de nossas famílias, de nosso Estado e País. A partir dessa constatação, começamos a receber a dádiva da possibilidade de tecer uma nova teia, nos conectando aos Baobás, para criarmos uma nova harmonia...

Renovação, alegria de viver, amorosidade, compaixão, integração, fraternidade, transmutação, luz, e outros desejos foram os fios que teceram esta teia que criamos virtualmente ao pé da semente do Baobá que plantaremos no Sítio União...

O Baobá traz em sua energia a transmutação de carmas familiares. Constatamos que estamos vivendo isso de maneira profunda, primeiro nos dando conta desses padrões (coisas que antes nos eram passadas de forma inconsciente ou como fazendo parte agora se tornam material para cura), e depois desejando imprimir uma nova amorosidade em nossas vidas...

O Baobá se oferece para que permitamos a essa amorosidade se expandir de forma protegida e aconchegada, e possamos transmutar os padrões de maneira segura. É nossa imensa Babá, aos pés da qual cabem todas nossas tristezas, nossos lamentos, que conta histórias a nossos corações capazes de consolar o corpo, a alma, o espírito.

Visualizamos a conexão entre o Baobá da Ponte d’Uchoa e o que vai ser plantado no Sítio União... Um Arco-Íris ligou essas duas árvores, e fomos convidados a nele passear... As dores mais prementes e as mais antigas, dores que já carregam uma aura heráldica puderam se desmanchar na luz prismática...

Fomos convidados a começar virtualmente o plantio do Baobá, e colocarmos as sementes do que queremos ver crescer junto com ele, retirando de nós aquelas que não queremos ver brotar... Samanta visualizou muita água regando todos os nossos desejos, lavando abundantemente e preparando o berço para o nosso nascimento junto com o Baobá...

E desejamos ver criado um espaço, uma praça, um recanto, para o Baobá da Ponte d’Uchoa, para que se possa compartilhar com ela desse novo momento, e para que muitos possam ir meditar aos seus pés.

Esse profundo processo de cura que começamos, ao ser ancorado pelos Baobás, nos trouxe um imenso conforto, o conforto de estarmos podendo transcender nossos padrões a partir de uma nova matriz, uma matriz estelar e terrena, que nos revela nossa natureza cósmica de maneira mais profunda e tranqüila.

Mariana Alencar

terça-feira, 21 de outubro de 2008

Ancorando a nossa paisagem interna























Uma cartomante me disse que eu iria sim à França, e que esta viagem já está se configurando no astral... Algumas pessoas que conheço também irão...







O que ela falou se me apresentou sem surpresas, embora tenha me feito feliz, pois venho alimentando este sonho aos poucos, na minha alma... que é um pouco francesa... As palavras dela descortinaram minha paisagem interior.













Essa possibilidade de ir materializando os sonhos porque representam cintilações de sua alma me pareceu um dos aspectos do que vivenciamos hoje. Vivemos uma pequena aula passo a passo para ir ancorando nossa essência... Fomos intuídos a dissolver aquilo que nos emperra, mentalizando sua imagem e a desmaterializando, instalando um vazio criativo no qual nossa luz natural possa ir tecendo novos sonhos.













A criação da nossa paisagem interna... Que tenhamos conseguido ou não visualizá-la, o exercício de poder admitir esse espaço interior nos levou a muitas considerações, inclusive a do medo que sentimos em verbalizar o que percebemos. Se não damos o primeiro passo para a externar, a paisagem se dissolve e não a compartilhamos... Ao mesmo tempo, quando conseguimos vencer esta barreira, a paisagem se torna viva em nossos corações e sensações do espírito, e a percebemos assim como a criança passeia por um conto infantil.













Este movimento do compartilhar se me afigura neste momento muito semelhante à do ator que entra em cena, o ao do professor no início de uma aula em que precisa romper uma barreira, ao mesmo tempo que cria um espaço receptivo e criativo... Lembro-me também que senti algo parecido quando consegui falar as primeiras palavras em francês depois de freqüentar quase três meses de jardim de infância na Argélia. Rompi a barreira do som e disse à professora: “terminei meu desenho!” A partir deste momento adentrei o mundo das crianças francesas...













Enquanto digo isso, percebo que esse compartilhar da nossa paisagem pode ser um pouco isso, decidir entrar num mundo que palpita em nós, mas do qual não conhecemos ainda bem a linguagem, e estremecemos enquanto balbuciamos nossas primeiras palavras...













Tivemos um pouco de trabalho dissolvendo nossos bloqueios, acendemos uma fogueira para nos ajudar a transmutá-los... Meu Deus, como faz bem a sombra fresca do nosso Baobá... Ele nos abriga do sol e também oferece frescor a nossa alma, com um acolhimento ao mesmo tempo paquidérmico e estelar...













E iniciamos nossa viagem em direção à criação de nosso blog O-Ba-Obá, plantando a árvore mãe de nossas almas, enquanto paralelamente e em sintonia, demos início ao itinerário para o plantio de nosso primeiro Baobá no Sitio União, de Fabio...

















O-Bá-Oba!




Mariana Alencar