sábado, 3 de julho de 2010

Sorrindo eu pretendo levar a vida, pois chorando eu vi a mocidade perdida



Hoje escrevo fora do cronograma normal. Já se passaram mais de duas meditações, e não consegui mais escrever aqui. Antes, me parecia tão fácil a mensagem angelical, mas nas duas últimas semanas não foi assim.

Acho que foi Tona quem disse que às vezes a mensagem dos anjos é tão sutil que ela não vem nem em palavras, nem em imagens, chega em filigrana na vida.

E foi sobre isso que estivemos falando, sobre a linguagem utilizada pelos anjos, pela vida, para nos passar a mensagem, a cura necessária.

Para Telma, isso chegou numa mimosa imagem de um vaso de porcelana novo sobre uma mesa antiga, que foi o recado que os anjos lhe deram a respeito do dente que ela precisou implantar. Uma imagem gentil e delicada, que varre os possíveis tabus relativos a dentes, e que pretendia consolá-la do medo que sentia. A beleza pode também consolar, porque traz um significado transcendente.

De uma certa forma, as idéias preconcebidas em relação à beleza, à idade, foi também o que nos foi passado na meditação do dia 15. A percepção das gerações como o ciclo da vida, uma roda gigante na qual estamos em cima ou embaixo, subindo ou descendo. Sem perdas nem ganhos, a vida simplesmente é movimento. Quem está no início do ciclo, com sua pele lisa, vai ainda crescer para poder contar as coisas da vida (e confesso aqui que senti muitas vezes inveja dos mais velhos falantes e contadores de história, entre eles meus irmãos mais velhos, que, claro, tinham um panorama mais amplo da vida, e assim podiam enchê-la de um significado que eu não alcançava), e quem já vai se enrugando conta a vida, e as mãos lisas e as mãos enrugadas se entrelaçam numa grande roda.

As gerações são a roda da vida em movimento, nos disseram os anjos. Unam-se pelo riso, nos recomendaram eles, e assim a roda girará de maneira mais alegre. Penso agora que às vezes não conseguimos aceitar com tranquilidade e naturalidade nosso lugar na roda da vida, e a emperramos; em vez de rir ao vento, e fazer do tempo um aliado, nos agarramos em alguma idade, pois, como disse alguém, queremos viver muito, mas não queremos envelhecer.

Entender que a vida é movimento, e que só a desfrutaremos se aceitarmos este encantamento, e o encantamento do tempo que traz mudanças, inclusive o envelhecimento, é uma nova chave para o riso, para o espírito, para a amizade conosco mesmo, e com as gerações mais novas e mais velhas.

Ri melhor quem riu muito e continua a rir, e o riso pode ser a medida pela qual vivermos, assim como o brilho dos olhos, e não as rugas, que são um revestimento sagaz a nos ensinar a passagem do tempo, e a despedida paulatina.

PS: Os anjos nos disseram mais algumas coisas sobre isso, e tenho certeza de que Telma percebeu muitas outras mais, e que Tona e Fátima perceberam outras tantas, e que, como num caleidoscópio, todas as percepções poderiam formar um novo desenho, e mostrar novas interpretações possíveis do que vivemos. Espero sempre que outros possam colocar um pouco de seus relatos...

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